quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Cambraia negra

Peça a peça, derramasse, 
Desliza, em impudicícia, roçando o corpo
Arrepiando a pele, macia e morna,
Explodindo em volúpia,
Já sem retorno; fusão de vontade incontida.
Ouve-se, em surdina,
Baque abafado no chão
Frio, de mármore, lazúli.
A máscara que veste
A pele doirada do sol
Que o mês de Setembro trouxe,
Revela-se!
Alfim, resta:
O colar de prata envelhecida
Do qual prende, dependurado ao pescoço,
Um medalhão;
Que, envelhecida corrente, sustenta
A diferença existente
Entre o amor e a sedução.
Os brincos, pendentes,
Como almas cansadas
Que almejam, reconfortante, chão.
E, os sapatos, pretos,
De salto alto e pontiagudo
Onde, alcantilada, a alma resiste
Observando longas fímbrias de cambraia negra
Que, prostradas, contemplam
Longas e esbeltas pernas
Negra nascente, sedosa, de deleite, impaciente
Fartos seios
Negros mamilos proeminentes.
Que desprovidos de pundonor, ansiosos,
Em orquestra, afinada,
Vibram em doce cadência
No silêncio, mudo, das vontades
Provindas de diapasão carente.
Ó negra fímbria, negra nascente,
Negros mamilos proeminentes
Que aguardam…
O prazer, insinuado, que tarda.

tÓ mAnÉ

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