sexta-feira, 22 de julho de 2011

Vou-te contar...


Tenho um segredo bonito,
Bonito de encantar
É lindo o meu segredo
Só para mim o vou guardar.
Tenho medo que descubram
Quero ser eu a revelar
Para de flores cobrir
Este modo de sonhar.
Foi um sonho que tive
Numa noite de luar
Ainda bem não acordei
Já grito a te chamar.
Emudeci nesse instante
E, assim,
A esperança que em mim vive
Queria bradar “quero-te”
Então, porque me detive
No segredo do meu sonho
Se com uma palavra apenas
Te posso dizer “amo-te”.

tÓ mAnÉ

Vontades

E, que em meus, teus braços enlace
Deixando cair, do amor o cansaço,
Na noite que do breu em ti e o eu te achasse,
Para o nós, que anseia,
Em uno se tornasse.
Explosão de quereres
Vulcão, assim o fosse,
E, eu em ti me entornasse.

tÓ mAnÉ

Verde


Eu gosto de verde!...
E tu?...
É realmente verde?...
Verde é... o lago dos teus olhos!
Quando...
Repousam nos meus.
Verde é...
O que nós quisermos!...
Nós somos verdes...
Mas, um verde único e só!

tÓ mAnÉ

Valquírias


Valquírias...
Mitos cavalgantes?...
Mulheres!...de quem?...
Filhas do deserto?...
Vendavais?...
Sol ardente,
Serpentes do tempo,
Flores murchas,
Pedras escaldantes...
Ou deusas loucas?...
Lésbicas?...chuva quente?...
Almas perdidas no mundo,
Pequenas manchas rebeldes,
Desta nódoa imensa,
Que é a sociedade; o mundo, o universo...

tÓ mAnÉ

Universo de fantasias


Despido da tua nudez,
Sinto-me perdido
E, procuro, em frenesi,
Insane!
O infinito Universo das tuas fantasias
Busco louco a tua loucura
Que, por contumácia, não se revela.
Busco-te, já perdido da razão,
Revolvo, revolto, o meu âmago
Encontro-te, presa por um ínfimo fio
Que, atado, em sútil laço
Finge que cai em meu abraço.
E, assim, te encontro,
Deitada, em mim, expectante,
De corpo deserto, crestado e sedento
Que água minha em ti se verta
Aspergindo as sensações
Explodindo no desejo
Da flor, em ti, aberta.

tÓ mAnÉ

Uma manhã; uma tarde

P’rá qui tou” sentado,
Sem nada para fazer,
Esperando que o tempo passe
Sem nada acontecer.
Penso nisto e naquilo
E, em nada em especial,
É vida e tempo perdido,
Ócio e vício fatal.
Oiço o bulício das obras,
Vozes e o ar condicionado,
Fumo um cigarro triste,
Com desfaçatez e ar semi-apagado
Observo o fumo a elevar-se,
Em espirais preguiçosos
Esmago, de raiva, a beata no cinzeiro já lotado
E, teimosamente, as horas não passam.
Sonho com algo diferente,
Imagino outras paisagens,
Mas acordo e... é sempre o mesmo!
Um gabinete mudo, enfadonho e impessoal,
(como convém à conveniência sistémica)
Mergulhado num tédio de morte,
Onde, tempo e espaço, não têm significado,
Ainda que aparente.
Peço um café solitário e solidário,
Porque tardando,
Que chega frio e sem graça,
Para adoçar o amargo do tempo,
Que, inexoravelmente, finge que não passa.
Olho e torno a olhar,
Para ver não sei o quê;
Uma massa informe, parada e sem vida,
Que adicionada ao tempo
Cria uma realidade infecta e pútrida,
Fedendo a estagnação.
Grito!
Vou beber água,
Aproveito e mijo,
Pretextos!
Para esticar as pernas,
Falar com outra alma perdida
Ou somente apenas dizer:
Olá! Tudo bem, essa vida?
Regresso, tudo imutável;
Espero, já impaciente,
A hora de almoço, a hora da saída,
Tardam.
Trazendo-me a ilusão,
Que o sino da torre quebra,
De que o tempo não passa.

tÓ mAnÉ

Um sítio... qualquer lugar


Quero viver!...
Aqui, além em qualquer lugar...
Numa aldeia pequenina,
Na cidade palpitante,
Na montanha, junto ao mar;
É-me indiferente!...
Não importa o lugar.
Quero ser feliz!...
Cá, acolá em qualquer sítio vulgar...
Onde convivam e coabitem
Amizade e amor
E, que num copo de vinho, erguido
Se brinde e beba à vida,
Na taberna da aldeia,
No bar do coração da cidade.
É-me indiferente!...
Acendam as velas,
Iluminem os néones,
Salpiquem as ruas de almas,
Gritem vivas e dêem palmas.
É-me indiferente!...
Todavia, quando, um homem caminha,
Caminha e caminha...
Parecendo confuso, iludido, quiçá…
(Saberá onde vai?!)
Aí, há que perguntar: Onde vais?...
- Vou...
Olha que anda à toa, sem rumo...
Dá-lhe, amigo, um braço firme
Leva-o, em consentimento, contigo,
E, sem pressas, mostra-lhe:
A aldeia do interior,
A cidade junto ao mar,
A amizade, a paz e o amor...
Que um dia soubeste encontrar.
É-me grato!... faz a diferença!...

tÓ mAnÉ

Um pensamento

A distância não existe,
É na sua essência uma virtualidade,
Vivente no acreditar de cada coração.
O longe, na realidade, não é distância,
Afigura-se, apenas, a um sentimento,
Pois, na realidade,
Temos sempre o pensamento,
Que, une o espaço físico,
Ainda que o tempo, sobre nós, passe...
No amor, e na compreensão,
Não podem existir “distâncias”, nem “longes”,
Devem caminhar juntos, de mão dada,
Nem, que apenas, em pensamento.

tÓ mAnÉ

Um livro

Um livro…
Um amigo,
Uma viagem
Um sonho
Um conselho
Uma palavra amiga
Um confidente
Uma miragem
Um oásis no deserto
Um momento de solidão
Um curto espaço de tempo
Uma eternidade
Um momento
Uma sugestão
Uma vertigem
Um passo em frente
Uma ilusão
Um livro…
Uma imagem colectiva
A imaginação das gentes
Um livro, é somente,
E… tudo mais…
Tudo aquilo que nos aprouver.

tÓ mAnÉ

Um Amigo


Um amigo é algo inestimável,
A família que se esconde atrás da família
O muro das lamentações
A parede das confidências
O silêncio no bulício das gentes
O anjo atrás dos anjos
A cerveja dos e nos momentos de solidão
A luz na noite escura
O rasgo na manta da multidão
A sorte grande e a terminação
É algo amigo!...

tÓ mAnÉ

Tu... Eu... Nós!?...


Dentro do meu tu
Está o teu eu,
Dentro do teu eu
Está o meu tu,
Assim:
Eu sou tu e... tu és eu?
Mas, por outro lado,...
Dentro do meu eu
Estou eu,
Dentro do teu tu
Estás tu,
Desta guisa:
Nós somos apenas um e um só?
Um eu?
Um tu?
Indiscriminado
Ou antes pelo contrário
Um nós?...
Sim! E porque não?
Um nós, dentro dos nossos “eus”...

tÓ mAnÉ

Trauteiam


Trauteiam! O som é familiar,
Uma saudade de criança
Numa música de embalar,
Sonhos lindos de infância.
A velha ama; a mãe,
Brincadeiras no parque,
Carícias no rosto,
Irreverência no olhar
Que, exausto, na ternura adormece.
Raia a manhã, deita-se a noite,
A vida endurece;
A velha canção
Traz aos olhos,
Lágrimas da memória
Da criança que... em nós
Todos os dias nasce.

tÓ mAnÉ

Tormenta


Tormenta!...
Tempestade!...
Rio sem esperança,
Do mar alcançar.
Deserto; rio de areia cálida,
Sonho de água sem mar,
Voando; milhões de beijos lancinantes,
Atropelam-se em frenesi
Para
Terra, mar e céu alcançar.
Dia cinzento, vento a uivar,
Chuva cuspida no chão,
Gorgolejando na sarjeta,
Gritando em desespero:
“Mar, mar...”
Tempestade!...
Tormenta!...
Água revolta
Correndo, negra, pela pendente
Desenfreada abocanha,
Sem piedade nem paixão,
A alma da terra e sua gente.
Qual cavalo de vento
Qual sol ardente
Turbilhão infernal
Despropósito com propósito
Oh Deus!
Só Tu as sabes domar.

tÓ mAnÉ

Tarde


Tarde! É tarde!...
Anda comigo!...
Porque...
Em meus lábios pousa,
Devagar de mansinho,
Insinuante convite amigo;
Tão antiga maneira de chamar.
Vem!... vem, pois...
Que o dia esmorece
A campina, silenciosa, arrefece
E, as aparências, perdem-se
Imbuindo a realidade
Que a solidão, vai envolvendo.
Vem!... vem, pois estou sozinho...

tÓ mAnÉ

Sonhos!...


Sonhos!...
Almas brancas e vazias,
Vazias de conteúdo, brancas de atoleimadas
Perdidas! Talvez mas... vazias, néscias e estultas.
Amor! Palavra morta, no sentir das gentes;
Procura incessante, folha de papel rodopiante,
Vento álgido do norte;
Fonte de desentendimento.
Natureza em movimento
Pórtico erguido para o nada
Vazio!… Vazio!…
Zero; branco
Leve sensação de delíquio
Queda vertiginosa no tempo,
Tempo brutal e envolvente
Navalha; sangue quente...
Vazio... vazio... vazio...

tÓ mAnÉ

Sonho

Sonho...
Realidade de um sonhador
Sonho (ilusão) de um poeta louco.
O sonho;
Sonho de quem já não ousa sonhar,
Que o sonho, quiçá um dia,
Se realizará...

tÓ mAnÉ

Sonhar


É bom sonhar...
Inventar novos mundos,
Criar outra dimensão
Sem a qual é impossível viver.
O sonho;
É o outro meio de transporte
Sem fronteiras ou bilhetes;
É o esquecer as limitações
Levitando em outras galáxias;
É viajar sem passaporte
Ao reino da imaginação;
É um abrir e fechar de olhos
Para um horizonte novo;
É um viver sem viver
Numa harmonia contínua;
É uma porta que se abre
Para o passado e para o presente,
Sonhar;
É viver na outra realidade
No limite do ser e não ser;
É o paraíso escondido
Existente em cada um de nós;
É a multiplicação do nada
E a divisão do tudo;
É um real sem concreto
No espaço e no tempo;
É a eterna poesia
Numa catarata de emoções;
É um soltar de balões
Um raio de sol em céu cinzento;
É um professor sem escola
Numa terra distante;
É ninguém
Em função de toda a gente;
É o abraço da vida
Uma realidade esquecida.

tÓ mAnÉ

Solidão


Olá! Vieste-me visitar?
És bem vinda, sabias?
Estava a precisar de ti!
Ajudas-me a meditar.
A tua calma quase obscena,
O teu abraço meigo,
Essa tua postura nua
Embriagam-me! E indolente
Caio em teus braços,
Braços que me afagam
E carinhosos me enlaçam,
Embalando-me em doce valsa.
Sinto o teu respirar morno
Arrepiar-me o corpo,
Que quebrado pelo teu encanto,
Desfalece sorrindo.
Contigo, sinto-me seguro,
Deixo cair a fachada,
Analiso-me aos teus olhos,
Liberto-me! Dispo a roupa,
Lavo a alma
E... deitando-me em teu corpo,
Feito de nada, voo dentro de mim.
A conquista foi fácil,
Abandonei-me a ti,
Deixei que me amasses.
Agora, o teu corpo frio e saciado,
Contrasta com a minha nudez,
Exposta aos teus olhos críticos,
Envergonhado, oculto os meus pensamentos,
Escondo atabalhoadamente os sentimentos,
Pois pressinto que vais partir.
Amiga, doce e tão amarga,
Vais partir?
- Sim! Outros me procuram.
- És cruel, sabias?...
Já não me escuta... fecha a porta...
... Vai solidão, esperam-te...

tÓ mAnÉ

Soldadinhos de chumbo


Marchem! Marchem!...
Obedeçam cegamente
Em frente marchar, marchar...
Marchar para a morte...
Marchar...
Abrir os olhos, fechar os olhos
Atacar, recuar, deitar, levantar...
Não pensar... marchar, marchar...
O “eu” não é teu; marchar! obedecer!...
Pedras de tabuleiro; peão
Dispensáveis, supérfluos, infras...
Montes de carne, viva ou morta; pouco importa!...
Mão cheia de estrelas, sopradas para o céu
Luzes, clarões; choque monumental
Tiro no escuro; frio glacial
Quatro pranchas de tábua
São o pré no final.

tÓ mAnÉ

Só para ti…

E assim as nossas almas,
Vagueiam sem saber,
Entre a morte e a dor,
Vivendo sem viver,
A morte que ao nascer
Já chama no seu viver.

De mim nada sei
De ti tão pouco
Mas da vida escrutino
Algo de tudo
E de tudo um pouco.

Sei que nada sei
Mas do véu
Que levantei
Vislumbrei a tua sombra
Que na água desenhei.

Porém, o sopro do vento
Tua imagem roubou
Sobrou o sonho
Que de beijo em beijo
Em ti pousou.

Se uma nuvem eu fosse
Sobre ti choveria
Uma chuva de doce vinho
Lavando o amargo da vida
Neste rio de mosto tinto.

Antes que me vá
Deixa-me dizer
Que sem de ti ajuizar
Me apraz de te ouvir
É aquele lá, lá,lá,...
Que me embala ao dormir.

tÓ mAnÉ

Voo a sonhar

Emmentes, é outrossim, um grito de alerta, um despertar para uma realidade nova, um não baixar os braços perante uma adversidade, por maior que ela se afigure; a vida é maior que a maior das desesperanças, é um pedir a toda a gente que resista, pois é inevitável que a seguir à tempestade vem sempre a bonança... e quem melhor traz e leva o tempo que o vento da mudança.
Agora quanto a voar, não necessito de tirar os pés desta terra em que arreiguei as minhas raízes para que voe e voe e sonhe e sonhe, a velocidades prodigiosas e a lugares, tantas vezes, insonháveis e longínquos, que apenas o sonho e o voo podem tanger... e esses são, indiscutivelmente, onde eu quero e quando eu quero, basta alienar-me do que me rodeia e saltar para este meu mundo de fantasia, onde giro no trapézio da irrealidade real de ser "EU". Depois num exercício de esforço inumano volto ao lugar de onde nunca, materialmente, saí e docemente pouso em meu pequeno e acolhedor ninho, para lamber as feridas das minhas inconfessáveis aventuras e volto a ser “eu”.
Contrariamente ao que sugere; Sim! é uma mensagem de sonho, de voo, de liberdade, de desprendimento e de esperança, como também um grito de alerta; presa neste corpo está uma alma livre, cuja única forma de voar para a sua liberdade é sonhando; ser presa mas livre de sonhar... 
 
tÓ mAnÉ