quinta-feira, 21 de julho de 2011

O mar

Em frente ao mar observo
o seu azul ondulante
que contrasta com auréolas verdes,
esborratando, aqui e ali, o seu manto de água,
tela  embriagada de cor intoxicante,
que num vai e vem inebriante 
numa cadência constante;
água, azul e verde
trás e leva o tempo num momento.
No entanto,
e apesar da sua beleza,
o mar está triste e calmo,
não se agita freneticamente
nem rebenta sobre a areia da praia,
lambendo-a, com macia língua de espuma,
vai e vem mansamente
tímido recolhe os seus imensos braços
levando-os para as profundezas da sua existência.
É como se meditasse e repousasse,
deitado sobre um leito de areia e rocha,
retemperando da tempestade da véspera.
Sonolento trôpego, recolhe a seu quarto,
vazio, de algas ternas e macias,
que lhe tragam algum descanso,
após a labuta de uma noite em branco.
O mar,
essa força bruta,
também se cansa
e, exausto, sem força; manso
contempla o céu nublado, aqui e além,
de fofos castelos brancos,
que languidamente derrama o seu azul
sobre aquele que há bem pouco foi
tempestade sem remanso.
Os olhos do mar mergulham,
recolhendo ao abismo; seu descanso
contudo, estes olhos já deitados,
contemplam, vidrados, o rosto da lua,
sua companheira de muitas marés,
seu coração; motor vital;
força anímica que o faz mover e viver.
Lua e mar,
mar e sonho,
sonho e noite,
noite sem luar
que na sua quietude,
estende seus longos e meigos braços,
sem que, no entanto, seus reflexos argênteos
prateiem o mar
tocando sua pele molhada e fria,
que ondulando sensual e carinhosamente
se deixa, pleno de impudicícia, acariciar.
Hoje!
O mar está triste e calmo,
deixando-se morrer, ternamente, sobre a areia.
Hoje! É noite de lua nova,
não há lua, nem luar.
Hoje! O mar caiu,
caiu ao nascer do dia
sem forças, nem vontade
para se erguer...
Hoje! Não há mar!...

tÓ mAnÉ

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