sexta-feira, 22 de julho de 2011

Uma manhã; uma tarde

P’rá qui tou” sentado,
Sem nada para fazer,
Esperando que o tempo passe
Sem nada acontecer.
Penso nisto e naquilo
E, em nada em especial,
É vida e tempo perdido,
Ócio e vício fatal.
Oiço o bulício das obras,
Vozes e o ar condicionado,
Fumo um cigarro triste,
Com desfaçatez e ar semi-apagado
Observo o fumo a elevar-se,
Em espirais preguiçosos
Esmago, de raiva, a beata no cinzeiro já lotado
E, teimosamente, as horas não passam.
Sonho com algo diferente,
Imagino outras paisagens,
Mas acordo e... é sempre o mesmo!
Um gabinete mudo, enfadonho e impessoal,
(como convém à conveniência sistémica)
Mergulhado num tédio de morte,
Onde, tempo e espaço, não têm significado,
Ainda que aparente.
Peço um café solitário e solidário,
Porque tardando,
Que chega frio e sem graça,
Para adoçar o amargo do tempo,
Que, inexoravelmente, finge que não passa.
Olho e torno a olhar,
Para ver não sei o quê;
Uma massa informe, parada e sem vida,
Que adicionada ao tempo
Cria uma realidade infecta e pútrida,
Fedendo a estagnação.
Grito!
Vou beber água,
Aproveito e mijo,
Pretextos!
Para esticar as pernas,
Falar com outra alma perdida
Ou somente apenas dizer:
Olá! Tudo bem, essa vida?
Regresso, tudo imutável;
Espero, já impaciente,
A hora de almoço, a hora da saída,
Tardam.
Trazendo-me a ilusão,
Que o sino da torre quebra,
De que o tempo não passa.

tÓ mAnÉ

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