quinta-feira, 21 de julho de 2011

O meu quarto... a dez


Estas paredes que me sufocam
Vêem a liberdade que me cortam,
Estes mosaicos sarapintados
Olham-me como se estivessem embriagados,
Aquela vassoura ao canto,
Rindo-se do meu pranto,
Aquela pá inútil
Grita-me “a tua vida é fútil”,
Aquele balde de lixo, plástico,
Sempre sisudo e cabisbaixo,
Estas três lâmpadas
Lúgubres como campas,
Aquelas botas reluzentes de engraxadas
Cavam-me o espírito como enxadas,
Estas mobílias castanhas
Força do ódio que me rasga as entranhas,
Este ar pesado e pestilento
Enche-me os pulmões de um grito violento:
“Tirem-me daqui,
Morri mas não apodreci”.
Tragam-me de novo a vida,
Numa bandeja servida,
Mostrem-me o caminho,
Perdi-me! Estou sozinho,
Venham todos, tragam mosto e vinho,
Eu quero... quero estar convosco.

tÓ mAnÉ

Sem comentários:

Enviar um comentário