sexta-feira, 22 de julho de 2011

Sangra-me!...


Assim!... toca-me o coração,
Trespassa-me! com o teu florete de cristal.
Sangra-me!...
Cega-me de dor,
Mais uma estucada,
Mais uma golfada de sangue,
Vai... a ferida ‘inda não sarou.
Abre, abre outra e outra...
Sangra-me!...
Atinge-me bem fundo em minh’ alma.
Olha!... aqui ‘inda não sangrou
E, a alma ‘inda não rasgou.
Sangra-me!...
Como animal de arena,
Abre-me o ventre,
Podes faze-lo, a dor, de tanta
Já me abandonou.
Sangra-me!...
Atira-me sobre os joelhos,
Crava-me o florete na nuca,
Acaba com esta orgia de vermelho
E, simultaneamente, com o meu sofrimento.
Sangra-me!...
A arena, já escarlate,
Ensopa-te os pés e, perto deles,
Prostrado, abro um olho,
Abro um olho para te ver...
Ver... pela última vez.

tÓ mAnÉ

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