sexta-feira, 22 de julho de 2011

O que vejo, o que sinto... o que faço...

Olho a cama vazia,
Não sorri mais,
Nem chama por mim.
Madeira, ferro, espuma e roupa,
Seca, fria e fofa,
Fiel companheira
De uma noite nua.
Aquele grito surdo e absurdo;
Anda, que esperas,
Amor,
Olha que arrefeço,
Ficou mudo, não mais se soltou;
Não voltei a deitar cedo,
Caio sobre a secretária;
Cansaço e desespero
Aproximam-se de mansinho,
Abraçam-me devagarinho,
Apoderam-se, ditam a lei:
És nosso companheiro,
Estás preso, agrilhoado, não podes fugir,
E, se lutares, lutas só
Contra nós nada podes
E, nessa luta desleal
Cada vez e cada vez,
Mais,
Em nós te embebes.
Acalma-te! Só um instante,
Falta pouco, um apenas… quase nada
(O insuficiente de mim sobrepõem-se)
Rasgo a manta,
Faço os trapos,
Ponho no lixo,
Estrago o tacho,
Quebro a mesa,
Parto o copo,
Fundo o vidro,
Abro os olhos e... vejo baço.

tÓ mAnÉ 

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