quinta-feira, 21 de julho de 2011

Alma

Foste ao rio meditar e foste bem, poderias eventualmente ter descido um pouco ao longo do rio, ter-lhe-ias vislumbrado o delta e se por ventura te tivesses aventurado mais terias tido a possibilidade de cheirar a fragrância do encontro das águas; a marisma, o local onde a lâmina; > penetra o cálice; V, o local da reunião de vontades "a boca da barra", onde todos os anseios e vontades o deixam de ser, onde se cumpre a verdade, onde tu e eu seremos a mesma e única pessoa, onde tu me advinhas e eu te estendo os braços antes de me pedires o abraço, onde nós somos livres de rebolar ao sabor da corrente, onde tu és macho e eu fêmea, onde eu ausente sou o teu presente…
Alma, eu perco-me nas águas que se misturam na boca da barra… lá rodopias a meu lado, porque lá eu sou doce e sou salgado…
São as águas que nos unem, tu, mais que tudo, sabes que para seres feliz tens que correr para a água e, eu sou água e eu sou maré; tanto vou como venho, tanto encho como vazo... lembras-te: sou algo, sou o teu amigo intermitente... e a solidão que nos percorre a alma, Alma, é a mesma! a tua corre insatisfeita a minha anda ao sabor das fases da lua, ora se enche de ti ora de ti se vaza...
Alma, por que te aproximas tanto da minha alma? Tão perto que quase deu para te estreitar entre os meus braços, te aproximar, doce e perigosamente, de mim, para sobre a tua boca, de água salobra, um beijo pousar.

tÓ mAnÉ

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