sexta-feira, 22 de julho de 2011

Sei lá… senti!


Um dia senti que o mundo já não fazia sentido, e chorei. Isso ocorreu, há muitos, muitos anos. As ilusões escorreram das minhas mãos e choveram no chão, gerando uma torrente negra de desilusão, cobrindo, como um manto de chumbo, o chão da minha vida, matando as emoções, janelas da existência.
Desde então e até hoje meti o meu coração num envelope postal, enderecei-o à toa, selei-o, lambi-lhe a goma da bordadura, encerrei-o e enviei-o para parte incerta omitindo o remetente, não fosse, dar-se o caso, ser devolvido à precedência.
E, assim, escudei-me em mim e fora de mim, isolando a alma dos efeitos perniciosos que advêm dos sentimentos, que impregnando-se subcutaneamente às lufadas, como o ar que respiro, e que independentemente da sua origem ou realidade, atingem, diariamente, a couraça da minha indiferença resvalando nela, salpicando o mundo que me rodeia de uma neblina de dúvida inefável, (in)existencial e quase desumana; orbe de mim.
Hoje porém, volvidos que são muitos, muitos anos, olvidei-me e atrevi-me a recordar. Passei o dia a correr atrás de mim, desse dia e dessas recordações, e em prol de quê?
 Não sei!...
E, pensando bem, não sei mesmo se me interessa saber, quiçá talvez recordar para poder esquecer. Sei porém, indubitavelmente, que após esse dia há muitos, muitos anos, que não voltei a chorar, por nada nem por ninguém. Todavia hoje voltei a chorar… e, seguramente, sei que há razão para isso, um quê e um porquê.
Voltei a ter ilusões. Cresceu-me no coração, explodindo-o, a ilusão de que não vou voltar a desiludir-me; é ilusão eu sei!… mas fez-me chorar outra vez, o que é muito, muito bom e ao chorar recordou-me e recordar fez-me sonhar, sonhar com a inocência que me “estupraram”, faz muitos, muitos anos…  

tÓ mAnÉ

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