terça-feira, 27 de agosto de 2013

Apoteose



Explode e paira em ti um mundo de música uma orquestra magistral, onde o som da "caracola" substitui a tuba nesse teu sussurro quente e acolhedor. Vibram em ti as cordas, que de tensas soltam longos e ternos gemidos, gritando por liberdade. As madeiras sopram, exóticas, o halo fremente do desconcerto afinado dos humores que em ti se geram. As teclas percorrem-te o corpo de lés a lés fazendo dele um campo fértil de acordes sutis mas plenos de sensações. Os instrumentos de sopro aliviam a pressão que imprimem todos os outros que do “piano” já passaram para o "allegro moderato", tornando suportável manter a orquestra unida, em conserto mas já no limiar do desconcerto. Com a entrada violenta e retumbante das percussões subleva-se em ti um estado de alma frenético, tudo é música, tudo vibra, tudo é fremente, tudo é apoteose e, quando por fim ribomba o surdo e estalam os grandes pratos, em "tutta la orquesta". Aí desfaleces para o estado "piano" em que as trompas, a harpa e o xilofone tocam baixinho, quase em surdina; relaxado teu espírito divaga, longe, muito longe, num distante perto. Só existes em ti e, o teu mundo, não passa de um paradigma fleumático disperso por vários universos.

tÓ mAnÉ  Editions

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