
Ovo de sol - desabrochar; sombra, que mão tu me trazes? Presa a essa luz que me fascina, perdição do meu olhar sobre um pouco de tudo, disfarçado na ignorância do pós-além, sem que, realmente, de nada veja!... Oh! Silhueta de mundo, desvenda os teus mistérios, pousa-os na palma da minha mão, perdi-me quando sobre ti derramei o meu olhar, que nublado me quitou da realidade, transferindo-me para a essência diáfana da tua perda neste romper de emoções que de mim e em mim explodiu... tÓ mAnÉ
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Nylon
Nylon
De nylon preto
Eram as meias, luzentes,
De rebosilho, negro,
Enfatizando a linha harmoniosa
Das longas, esbeltas e torneadas pernas
Envoltas neste ténue véu de mistério
sombrio
Que a cada movimento ondulante
Escravo, da seda, escarlate, do vestido
Bafejando quentes e insondáveis segredos
Na superfície, macia, da pele lisa e
morna
Que o envolve, que o acaricia.
Assediando-a!
Arrepiando-a!
Arremessando-a!
De promessas, de prazeres incontáveis
A cada passo que na noite fria, troa
Ecoando na calçada portuguesa da rua
Elevasse numa leve brisa que, ofegante,
sopra
Pela rua, despida, solitária, nua de
gente.
Vai só, segura de si, não vacila, segue
em frente
Segue onde e ao que vai
Sem ligar ao que prossegue
Olhos postos no caminho
Esquece o roçagar, entre as pernas, do
nylon
E, a cada passo, sente
Húmida de expectativa a vontade de chegar
Vontade que o corpo trespassa,
E, a cada número, que para trás deixa
Apressa e troca, titubeante, o passo.
Vinte e seis, gritam-lhe os olhos
Estaca. Gira em torno do eixo da volúpia.
Uma a uma, lentamente,
O nylon da meia estica
Ajeita a jaqueta, preta,
Verifica, mentalmente a compostura
Tudo está perfeito.
Avança.
(décimo oitavo frente)
Prime o botão mágico, suavemente
Não há resposta…
Inquietasse!
Sustem o fôlego, num compasso de espera
Prime de novo, agora, mais veemente
Aguarda, impaciente…
Clack! Estala, seco,
O trinque da fechadura da porta.
tÓ mAnÉ
Style
Guadalupe
Contemplo-a! Sobre a mesa
Aberta para mim
Apelativa, convidativa.
Do seu bocal rolou, descuidada,
Uma pérola rubra
Maculando o alvo linho da toalha
Uma gota, genuína, de prazer
Rolou e pingou
Deixando antever uma volúpia escondida.
A seu lado, imponente,
Ainda reluzente, o objecto, erecto
Adivinha, antecipadamente, o culto, o
deleite
Contudo, erecto permanece
E, imóvel, aguarda, pacientemente
aguarda…
Que tão precioso néctar o preencha
Lhe humedeça as paredes secas.
Inclina-se solene com cuidado
Não vá o requinte ficar toldado
Dando-se, sem reservas, docemente,
Num ondular suave, todavia pungente
Culminando, tal como iniciou, abruptamente.
Faço, fugaz, uma ténue vénia
Tomo-a em minhas mãos
Reclino-a com esmero
Leio seu corpo negro azulado
Orlado por um céu nocturno
Onde,
Um quarto decrescente e uma estrela
cintilante
Repousam em primeiro fundo.
Guadalupe 2005 Selection
Sirvo o copo que, cansado, erecto espera
Sento-me, confortavelmente, na poltrona
Rebolo-lhe o néctar pelas suas faces
Observo-o, inclino-o, elevo-o
Sinto-lhe o odor frutado e amadeirado
Conduzo-o, vagarosamente, aos lábios
Furto-lhe um diminuto gole
Degusto-o!
Deleito-me com a sua essência,
Única, exótica.
Fecho os olhos, recosto-me
Aguardo que me penetre os sentidos
Procurando eternizar a magia do momento.
tÓ mAnÉ
Style
Crónicas FDS da Laura - Registo XVI
Inicio a minha crónica, algo peculiarmente, alertando-vos para o seguinte: Este fim-de-semana tem duas singularidades que o tornaram um nadinha mais acidentado e apimentado, ambas no seu sentido mais lato, que registos anteriores. A primeira, e a mais significativa e não tendo nada contra a segunda, prende-se com a chegada, do meu tio padrinho Miguel e da minha tia Bleca, este sábado, lá de Lisboa ou melhor Oeiras, de trouxa a reboque, incluindo o barco, será que é desta que vou dar uma voltinha no barco do meu padrinho?..., à Ilha de Tavira. Todos os anos, nas últimas três semanas de Junho eles arrendam uma casa, sempre a mesma, mesmo na Ilha de Tavira, ficam ilhados percebem? Para umas férias paradisíacas, onde, a pesca, a praia - quando o tempo deixa – o deleite gastronómico e o relax, estão na ordem do dia e da noite. A segunda vem dependurada ao factor tempo. Três são os dias de registo: O sábado, o domingo e a segunda-feira ferido nacional - 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, outrora o Dia de Camões, de Portugal e da Raça, epílogo este, como diz o paizinho, do antigamente, antes da Revolução dos Cravos Vermelhos ocorrida dia 25 de Abril de 1974.
Bem, feito que
está o intróito, vamos ao que interessa.
A manhã de sábado
foi um pouco mais do mesmo, ou seja, como todos os outros sábados, não fora
umas coisitas que tenho para vos bisbilhotar e que fui ouvindo por aqui e por
ali – sou muito atenta ao mundo que me rodeia, sabem?... – e nada de
interessante vos teria para relatar.
Assim, fiquei
sabendo que: Um: Vou ficar em casa com a avó Ilda e a tia Vitalina,
alternadamente, consoante o vagar – disponibilidade – das donzelas, uma vez que
o pai e a mãe têm que ir a Tunes a um tal Professor Dr. Tarass Koval (um
endireita ucraniano) para tratar do “desmontalo” das costas do papá – desde
ontem que andava à rasquinha. E, ainda que, quando voltaram, sabe Deus as
voltas que não deram e as que deram, também, já eram mais que horas da sineta ter
tocado a rancho. Como também, que o meu pai vinha “que não podia” de
“trilhadinho”. Até dava dó, acreditem. Quase não almoçou, o que não faz em nada
o seu feitio, e logo se atirou para cima do sofá, assim tipo “esborrachado”,
para de imediato desatar a dormir quem nem um lorpa, o que, também, não é de
seu génio. Dois: Fui de rota batida para a cama, acompanhada pela mamã, numa vã
tentativa de bater uma sorninha retemperadora das canseiras matinais. Ainda
passei pelas brasas, digasse de passagem! Porém, alguém decidiu, obstinadamente,
desatar a bater, contumazmente, na porta-janela do quarto, como se tivéssemos
que ir retirar alguém do cadafalso da força ou houvesse uma sangria desatada
pelo barranco abaixo ou sei lá o quê?... Por amor de Deus. Soneca ai és tão
linda mas, já te foste. A porta-janela, para evitar o seu derrube extemporâneo,
teve que ser franqueada a este “aqui me acudam” e, lá estavam plantadas, com
raízes e tudo, a avó Ilda e a tia Vitalina, plenas de novidades ou melhor
decisões, que cuspiram quase em uníssono, não fosse uma não atrapalhar a outra.
Cosidas as palavras, de uma e outra, para que a chilreada fizesse algum sentido,
aqui fica a manta de retalhos ou a serenata completa: A Cátia, a minha prima em
segunda mão, o Tomás, o marido da Cátia e por consequência o meu primo
emprestado em segunda mão e o Gustavo o filho de ambos (ele ainda é
“pichotinha”) e meu primo em terceira mão, queriam ver-me. Bolas mas logo agora
que eu estava cochichando é que lhes deu uma vontade destas sem qualquer
tempero. Ai a vida é dura.
Condescendendo e
pensando um pouco atrevo-me a fazer as afirmações seguintes: Sei que
regressaram da Ilha da Madeira, onde vivem e trabalham ou vice-versa o que é
muito diferente em termos comportamentais e de vivência do dia-a-dia, mas também
sei que, chegaram hoje e vão cá passar oito dias de férias. Mas onde é que está
a presa, meu Deus?... Oito dias. Oito longos dias. São mais que uma mão cheia
de dias e, por isso têm que ser contados com as duas mãos. Senão vejamos ou
melhor experimentemos: Um, dois,…, uma mão cheia, …, sete e oito, já entrando
na outra mão. Onde está então o afogadilho afinal?... Aiiiii, haja pachorra.
A Cátia é filha
do tio Orlando – o trinta cabelos, Barroá ou o Zeca Diabo (coisas desses
adultos pequeninos que se fartam de inventar nomes estranhos, que eu não
entendo a razão nem o porquê, pois sou pequenina grande. Eles apelidam-nas de
alcunhas. Acho que ainda vou ter que aprender o que isso é!…) – da tia Ondina e
também é irmã do Nelson, meu primo em segunda mão. Ai…, isto das famílias e dos
laços familiares é tão complicado, sabem?...
Vou-vos contar
uma coisa, um segredo. Shuiiiii… A sorte é que o meu pai não acordou, nem deu
por isso. Senão a cena ia dar em circo, ai ia, ia…
Saímos de
mansinho para não acordar a fera e bute para casa da avó Ilda onde os ilustres
nos aguardavam “estacionados”.
Os grandes, os
adultos conversaram e eu andei a laurear a pevide ou o queijo, assim vocês o
queiram, pois o Gustavo, como é muito pequenino, ainda não tem muita graça
brincar com ele, não belisca nem risca nesta história.
Quando
regressámos o papá já estava acordado ou semi-acordado, problema que resolvi em
duas palitadas, deixando-o mais que desperto: Alerta! Isto porque resolvi ou
melhor apeteceu-me, furiosamente, brincar com ele, para verificar se estava de
manhas e fitas ou realmente estava mesmo mal – às vezes ele é manhoso. E,
nestes propósitos nos mantivemos, enquanto a mãe foi tratar dos cães por falta
de vontade do papá; digo-vos que quando o meu pai não vai tratar dos cães é
porque a coisa vai mal ou a mamã lhe pede para fazer o jantar.
Animais tratados.
Mãe em casa e jantar por fazer. Houve que improvisar algo expedito para encher
as panças. Assim, recorrendo à Bimby, a mãe começou a fazer massa de pizza,
logo em subsequência: Pizza para o Jantar! Oléeeeee… Não que goste muito de
pizza mas, pelo menos, é diferente.
Devagar e
devagarinho. Foi assim que o pai se levantou do sofá, quando a mão gritou da
cozinha: Tó, queres fazer a cobertura das pizzas?
Nesta fase do
campeonato o meu pai convidou-me para o ajudar. Adoro ajudar o papá, quer na
cozinha quer noutras tarefas é sempre um mundo de cor e alegria - e só o que eu
não aprendo… - para além disso, hoje, ainda tive uma bela recompensa: Um bom
naco de salsicha, umas fatias de salame de peito de peru e meia lata de milho
cozido, hummmmm… uáuuuuu…
Trincado que foi
o jantar e, apesar de não ter comido grande coisa, pudera após tamanha
recompensa, a lengalenga do costume desencadeou-se. Porém, desta vez, foi o
cabo dos trabalhos para cair nos braços de Morfeu ou adormecer. Ele foi:
Historiazinhas, leitinho com “xicólate” – muito “xicólate”, que é assim que
gosto – e também foi a paciência da mãe que foi para o caneco. Valeu, então e
desta vez, o meu paizinho, que me aturou até o malfadado do “Pestana, aquele o
João. Não, não, não é aquele dos Hotéis” aparecer.
Aiiiii… domingo,
pois domingo…
Até que não
começou muito mal mas depressa o caldo se começou a entornar. Como assim? Pois,
ainda não tinham batido as nove no sino da Sé Catedral de Vale da Rosa e já o
telefone, o fixo, reparem que eu não disse o telelé, “ringava”. Era a avó
Aurita. Não se estava a sentir nada bem e queria que o meu pai fosse com ela ao
Centro de Saúde.
Como foi a mamã a
atender o tal de “fixo”, pois o meu papá estava, como de costume, na cama a
preguiçar, lá foi ela a correr, bzzzzzteeeee…, até ao quarto, acordar o
sornador.
- Tó, Tó,
levanta-te! Era a tua mãe, ao telefone, a dizer que precisa de ir ao Centro de
Saúde. Não está a sentir-se nada bem. Vá lá homem. Despacha-te! Pode ser coisa
séria.
Nem o ouvi
responder. Mas foi num ápice que se levantou, arranjou e “pequenalmoçou”, até
parecia que lhe tinham chegado uma acha acesa ao cu, para os menos versados em
assuntos de lenha, digo, em termos velocimétricos, que foi tudo a mil à hora e…
zummmmm Loulé, pois o alerta despoletado urgia no tempo.
O tempo foi
passando e passando e a minha preocupação aumentando. Tanto tempo e sem saber
de nada, não faz muito o meu estilo irrequieto e curioso. Ainda por cima
exilada em casa com a mamã, que passava roupa a ferro, furiosamente, sem me
ligar pevide que fosse. E, nesta inclemência de tempo, não houve bonecos que
conseguissem travar a minha inquietação, o meu desespero.
A hora de almoço
aproximava-se a passos largos quando o meu paizinho chegou com a avó Aurita a
reboque. Ufa foi um alívio, finalmente tive tempo para eliminar e expurgar a
minha inquietação. Estavam os dois ali e bem vivinhos, apesar da avó estar assim
para o lado do mal-encarado, porém ainda assim brindou-me com um amplo e terno
sorriso. Apesar de tudo, na sua cara abatida, estava estampada uma centelha
mística de alegria e contentamento por me ver. Fiquei tão contente! A avó é
mesmo supimpa!
A mamã, logo que
o pai e avó chegaram, arregaçou as mangas, puxou das ganas e disparou a fazer
uma canjinha com umas pernas, anémicas, de frango que o meu pai trouxe da
“vila”. Intui e bem que era o almoço para a avó – sou uma sabichona ou melhor
uma Eco-Sabichona apesar do eco aqui
ser descabido, pois nem no meu cérebro se deu qualquer reverberação que fosse
digna de assim ser denominada.
Após o almoço,
que nasceu tarde e a más horas, “as da vida airada” apareceram; estou a falar,
como é bom de adivinhar, da avó Ilda e da tia Vitalina, as duas “passaroas”,
que hoje ainda não tinham dado um arzinho da sua gracinha, resolveram arejar as
asinhas por estes lados.
Enquanto elas, as
gajas velhas, falavam, o meu pai, despejou-se inteirinho no sofá, a ler.
Enquanto isto, fui de rota batida, atrelada à minha mãe gritando pelos meus
bonecos, porém em vão, pois quer chiasse quer não a medida tinha que ser a
mesma, era ir e mais nada. E, neste confronto de vontades e gerações, lá nos
fomos, ambas, arranjando e despachado para uma ida ao Fórum Algarve, apalavrada
de véspera, para assistirmos a um cinema.
Terminado o make up a partida foi imediata, num
abrir e fechar de olhos diria, e aqui vamos nós rolando asfalto, primeiramente,
em direcção a Loulé, para “despejar” a avozinha, que já estava bem melhor
encarada, graças a Deus, e depois a Faro que por sinal fica na direcção de
Loulé – acho que Loulé fica em todas as direcções, pois o meu pai costuma dizer
Sotavento, Barlavento e Loulé, quando fala, empolgado, do seu querido Algarve –
e, entre Loulé e Faro está o cinema no Algarve Shopping.
Entrega feita e
zus… cinema lá vamos nós…
Estacionámos o
carro bonito no parque de estacionamento inferior, mesmo junto às escadas em
caracol (sinto um certo “cagufo” ou “meduço” em subir aquelas escadas de degraus
vazados e que tremem bué a cada passo). Quando rompi no patamar do rés-do-chão
dei de caras com um enorme, gigantesco, ingente insuflável e, logo todo o
cagaço, que as escadas possam ter provocado, se dissipou, tal e qual o vento
sopra uma nuvem negra que tapa o sol e deixa um dia radiante no seu lugar. Incrível!
Claro está, como água límpida da nascente, que, e não poderia deixar de ser de
forma alguma, e melhor ainda, ouro sobre azul, utilização à “fartazana” e à
“borlix”.
Eu quis, eu exigi
ir dar uma saltadela ou melhor dizendo uma escorregadela naquela pequena grande
maravilha. Azul, cor de laranja e amarelo o descomunal insuflável era todo
dentes para mim, amplo era o seu sorriso e o seu poder de atracção. Constituído
por uma escada de acesso à rampa da escorregadela e, estas, separadas por uma
parede de bordadura, elemento afecto à segurança dos utentes. Tudo em plástico
resistente e cheio de ar; deve ser por isso que lhe chamam de insuflável ou
aquele que se pode encher com ar ou outro gás, sabiam?... Também tinha paredes
laterais e o respectivo fundo, claro é, claro está?! Está?!...
A rampa e os
degraus vistos cá bem de baixinho eram assustadores, altos, mas atirei com os nervos
para o inferno e puxei da coragem e subi, a custo, mas subi, para depois
efectuar uma descida em modo de deslize a uma velocidade vertiginosa, foi
incrível, e foi incrível não uma vez mas duas vezes e mais se lhes seguiriam
caso tivesse tido a veleidade de me o permitirem. Simplesmente adorei!... E,
não tive medo nenhum, tal como seria espectável e patente no olhar de
desconfiança dos meus papás, daí toda a classe de incitamentos no sentido de me
encorajarem. Pois bem, não foram precisos!
Gerida que estava
a emoção mas não digerida e já estávamos a dar sebo nos cordões perfilando-os
na direcção do Jumbo onde fomos adquirir os bens primários de assistência à
sessão cinematográfica: Pipocas e águas.
A subida ao andar
superior onde o cinema se encontra alojado - ele vive lá, sabiam? E parece que
está sempre em casa – foi efectuada pelas escadas rolantes, destas eu gosto,
são uma curte! Já “esbardoirados” no piso 1, dirigimo-nos de imediato à
bilheteira para adquirir os ingressos ou bilhetes e, mais um momento de emoção,
mais uma surpresa, o filme que pretendíamos assistir, o Epic, era apenas e tão
somente exibido em 3D, o que levantou alguma celeuma, dividindo-se as opiniões
entre o ir ou não ir, não por causa do assalto ao pecúlio familiar, mas sim,
pelos benditos óculos que eu iria ter que usar.
Ao fim tudo se
compôs com um: Já que estamos aqui vamos experimentar pois daí não há-de advir
grande mal ao mundo, que o meu pai lançou para o ar e, lá vai a boa da Laura
Solange, e seus paizinhos, para a sua primeira experiência em filmes 3D;
abonando a verdade devo dizer que não correu tão lindamente como seria de
esperar ou não!?...
O Epic fala da
natureza, dos destruidores e dos protectores da mesma e, em certos momentos,
consegue ser bastante real e assustador e em 3D imaginem... o como senti o
rabinho apertadinho. Mas, aguentei firme até ao fim com algumas escaramuças
entre o quero ou não quero dar à sola daqui e o escoder da cara no peito,
aconchegadinho, da mamã.
Sabem, o filme
fez-me lembrar a minha estória no
“Livro Viajante” e de nós, os Eco-Sabichões.
People! Temos que proteger o nosso
planeta e a Mãe Natureza. Temos que ensinar os nossos filhos, quando os
tivermos, claro, a respeitá-la mais. Mais que nós, mais que os nossos pais e
muito, muito mais que os nossos avós. Vamo-nos a isso? Cabe-nos, a nós, essa
hercúlea tarefa.
O caminho para
casa espreitou logo após o términos do filme e uiiiii… Caí “desmastriada” nas
teias do sono ou seja soneca foi a palavra chave do meu regresso a casa – o
balancé e o ruído do motor a diesel do carro são fatais. E, não fora uma real
mijada, tipo Don João VI, na cama me ter despertado (chorei muito com vergonha.
Eu que até já sou uma menina grande, descuidar-me daquela maneira é humilhante)
teria passado pelo jantar e pelo resto da noite toda até que se fizesse manhã.
Assim, fiquei que nem podia e chorei que chorei, a vergonha atingiu raias de
indignação, inimagináveis, para comigo, um despautério mesmo. Bem que os meus
pais podiam dizer que: Filha não tem importância, por vezes acontece, que eu
estava inconsolável. Todavia a vida contínua e não é uma mijinha qualquer que
faz parar o relógio.
Pijama novo, logo
após a lavagem das vergonhas; digo novo com toda a propriedade da palavra, pois
a minha mãe tinha-o comprado no sábado de manhã, não sei onde mas é giríssimo e
o mais importante a estrear. Lavada e “empijamada” fui instalar-me, com o meu
papá lindo, no sofá a ver os bonecos, uma pequena recompensa pelo desconsolo de
alma que me assolou, até à chegada, pela mão da mamã, da canjinha que restou do
almoço.
Comi toda
“agalhofadinha” ao meu pai, estava tão, tão trilhadinha. Porém, logo que a
minha mais que querida mamã se espalhou sobre o outro sofá, resolvi,
imediatamente, mudar de aconchego e ir dar uns miminhos à mamã; há que
distribuir equitativamente e de modo equilibrado os afectos – a gerência dos
ciúmes diria mas não digo.
Maltinha, não irá
tardar o ponto final à conversa, a cama que já me espreita, vai-me chamar pela
certa e eu vou ceder aos seus encantos.
Beijiiiiinhosssss…
Abriu a manhã e
com ela abriu também a minha pestana. Rabujei e retoicei na cama. Levantei-me.
Mamãaaaaa chamei.
Bem, parecia que
ela estava mesmo ali atrás da porta. Foi um ai entre o chamar e a aparição.
- Bom dia
querida.
- Bom dia mãe.
Logo que a mãe
bordeou a cama agarrei-me a ela como uma lapa e começaram os beijinhos e os
abracinhos, o jogo do “tira a fralda” – ainda uso fraldinha à noite, é por
causa dos descuidinhos - e a higiene matinal. Hoje não houve lugar a bonecos. O
pequeno-almoço foi na mesa da rua, no pátio da cozinha. Não sabem como é
agradável, no campo, apanhar o fresquinho da manhã lavado pelos primeiros raios
de sol e ouvir o chilrear dos passarinhos e simultaneamente beber o meu
leitinho com muito “xicólate” e a comer torradinhas com mel, como é bom. Ah!
Isso é, é!...
Já o
pequeno-almoço ia adiantado quando o Ioan e a Maria, que está muito grávida –
sete meses; ela vai ter um menino, o Alexandru –
apareceram para nos visitar. Vocês já os conhecem, ou pelo menos aqueles de
vocês que conviveram comigo no ano passado, pois já os mencionei nas minhas
crónicas de FDS mas, para os menos atentos, os mais esquecidos e aqueles que de
facto não privaram comigo, aqui fica a informação: O Ioan e a Maria são um
casal romeno, agora nosso amigo, mas que inicialmente começaram por trabalhar
em nossa casa. Ela como conservadora de limpeza e ambiente e ele como um Zé faz-tudo
– o Ioan é muito habilidoso – que com o andar do calendário foram estreitando
os laços ao nível da confiança e da amizade. Eles são muito porreiros e eu
tenho uma predilecção muito especial pela Maria, isto é, gosto muito dela.
Enquanto o meu
pai não levantou o canastro da cama e se dignou a juntar a nós, após o seu
trato higiénico diário, que hoje incluiu o fazer ou desfazer da barba (isso eu
denotei quando ele chegou todo cheiroso à mesa do pequeno-almoço e abocanhou um
paposeco com fiambre que a mamã tinha preparado especialmente para ele), o Ioan
tomou um café e a Maria comeu uma bolachinha e trocaram duas de conversa de
encher ou de conveniência com a mamã. Mas isto não ficou por aqui, pois durante
o decorrer do repasto do meu pai; sandes de fiambre, galão caseiro, sumo de
laranja natural e café expresso da máquina da Nespresso, Um Roma, estivemos, aí
sim, em amena cavaqueira sobre a Roménia, a terra do Ioan e da Maria, os usos e
os costumes, a caça e a pesca (não poderia deixar de ser), os sonhos e as
desilusões, enfim falou-se de quase tudo, instalados principescamente na mesa
da rua, enquanto um solinho maravilhoso nos lambia e coloria a existência.
Assim como tudo
começa, assim também termina. O meu pai e o Ioan foram tratar de aspectos
relacionados com os negócios lá deles; coisas deles que a mim nada me importam
nem concernem, por isso voltei o “sim senhor” e fui brincar com a Maria que é
muito mais meiga e divertida que eles que só falam de coisas com nomes muito
estranhos como recuperadores de calor, tubos spiro ou girândolas, quem é que se
interessa por semelhantes aberrações?... Eu, seguramente, não!
E, neste
estrafego, o tempo foi rebolando e rebolando, e com tanto rebolar trouxe
agarrada a ele a hora de almoço que, inexoravelmente e insistentemente, desatou
a bater à porta, truz, truz, queria forçosamente entrar e acabou mesmo por
fazê-lo, não sem antes ter ocorrido a debandada geral; cada qual para sua casa,
até a avó Ilda, que nos entremeios tinha aparecido, não foi excepção. Restando,
alfim, os três da vida airada: Cocó, Ralheta e Facada, ou seja eu, a mãe e o
pai.
Almoçámos um
lombo de porco estufado que a mãe havia preparado emmeios. Estava de piscar o
olho e estalar a língua e chorar por mais.
Um simples
telefonema para o meu tio padrinho e o programa da tarde ficou de imediato
delineado e consistiu numa visita à Ilha de Tavira, uma visita ao meu tio
padrinho Miguel e à tia Bleca, pois, e apesar, deles terem chegado no sábado à
tarde, ainda não lhe tínhamos posto a vista ao alcance ou um ouvido na voz;
bolas nem truz nem muz, até parece que não são família… bem em frente e sem
medos.
Durante a viagem
de ida passei pelas brasas, pelo que não há pormenores, só acordei quando a
mamã me estava a retirar da cadeirinha de andar de carro.
Das Quatro Águas
para a Ilha de Tavira temos que apanhar o “vaporetto” ou seja um barco da
carreira que fede a gasóleo, contudo fico sempre extasiada com esta pequena
viagem, entre sete a dez minutos, rejubilo da alegria e não é para menos pois o
enquadramento paisagístico é paradisíaco.
No cais, no outro
lado da margem, ordenámos às pernas que nos levassem à casa onde o tio padrinho
e a tia estavam alojados. Ficam todos os anos, desde que me lembro, na mesma
época, na mesma casa e pelo mesmo espaço de tempo; três semanas, na Ilha de
Tavira. É original, não acham? Para não falar na diversidade de gosto.
O percurso do
cais à casa é bem curto, depressa foi cumprido, entre correrias e risadas e os
normais reparos à segurança por parte do pai ou da mãe consoante o grau da
minha ousadia. No final da passadeira, em lajes de betão, lá estavam eles, debaixo
de um “telheiro” ou melhor uns panais de sombreamento, verdes, defronte da
entrada principal do chalé,
escarranchados em cadeiras de braços e quase em estado de roncadeira – afinal não
era para menos, no interior daquele pequeno quintal ou pátio, confinado por
paredes, estava uma atmosfera abafada que se fartava – de cortar à facada.
Feitos que foram
os cumprimentos da praxe e alguma conversa miúda de ocasião (claro está que a
pesca ocupou o papel principal ou fez a despesa da conversa), e eis que
apareceram uns amigos de longa data do papá e do tio que, todos os anos do
mundo, montam tenda quando o parque de campismo abre e só a levantam quando o
mesmo encerra. Estou a falar do Rogério e da Zita (tal como a abelha da
Fundação), com eles também vinha uma das suas duas filhas, a Inês, que trazia,
por sua vez, a reboque as suas crias, a Catarina, que é mais ou menos da minha
idade, e o Pedro que é bebé, tem apenas dois mesitos, e se chama como o meu
mano velho, que tem quase dezanove anos, e é nadador salvador na Praia do
Cavalo Preto em Quarteira, apesar de não ter sombra de juízo. Facto que obrigou
o meu pai a estar a ralhar com ele ao telefone – deve-lhe ter entrado por um a
cem e saído pelo outro a duzentos – durante uma eternidade mais uma vida, e
etc, etc,…
Durante o período
do desanque no mano estive a brincar com a Catarina ou melhor dizendo eu passei
o tempo todo a brincar com a Catarina. Ela é um docinho! Adorei a Catarina!
Logo que terminou
o eterno telefonema para o mano, o meu pai teceu meia dúzia de comentários
azedos acerca do assunto e levantou ferro levando a reboque o tio Miguel para
darem uma passeata e com certeza para porem a conversa em dia ou simplesmente
para estarem os dois que é acontecimento raro.
Quando chegaram,
trouxeram a hora de levantar arrais com eles. E, assim, se realizou,
inexoravelmente, o percurso inverso mas, agora, menos encantador; o espectro do
regresso retira o fascínio à beleza circundante ensombrando-a com o manto da
tristeza de quem deixamos para trás. Casa, cais, barco, cais, carro, casa,
assim se cumpre a inversão da história.
Chegados a casa
(desta vez a excitação não me deixou cochilar e as perguntas caíram umas atrás
das outras – vocês sabem como sou curiosa) a moenga do dia-a-dia iniciou-se,
ritual já mais que conhecido por vós, com excepção de um pequeno detalhe, uma
pequena variante ou cambiante: O papá ofereceu-me um bombom, antes de jantar,
sem dizer nada à mamã, facto inédito, e com um gesto de cumplicidade, uáuuuuu… Bem,
não foi bem um bombom mas sim um m&m’s, azul, penut. Ao que eu agradeci e exclamei escancaradamente: Enganas-te a
mãe, lindo menino! Claro que a “cusca” da mãe não poderia ter deixado de ouvir
ou pelo menos fingir que não (afinal a conversa não era com ela) e retrucou:
Filha! Não se engana a mãe nem o pai. Botei o violino no estojo e a conversa
ficou por aqui não fosse azedar.
E, por aqui,
também vai ficar a minha crónica que mais parece já um testamento, não sei se o
Novo se o velho, pois o resto foi mais do mesmo e por vós demais que conhecido
e sabido.
Um Chi-coração
que amanhã é outro dia e ver-nos-emos se Deus assim o entender.
tÓ mAnÉ (in Laura Solange dixit) - 2013.06.(08,09,10)
Crónicas FDS da Laura - Registo XV
Oláaaaaa!...
Acordei
excitadíssima! Pudera hoje vai ser o meu dia, o Dia da Criança e como vocês já
sabem: Ser criança é ser feliz! Cumulativamente a hoje ser o Dia da Criança e
eu ser criança, ainda adjunto o facto de me sentir duplamente feliz!...
Energia é uma das
palavra que descreve hoje a força do meu despertar – energia pura em movimento
– a outra é Alegria, aquela que emerge do meu ser e irradia, iluminando os
sorrisos de quem me rodeia.
Hoje, por ser o
Dia da Criança, recebi dois miminhos sob a forma de presentes: Um da avó Aurita
- Histórias de Princesas - e um outro dos meus queridos papás – uma linda pónei
de longa crina e cauda, brancas, com dois marcadores, um cor-de-rosa e outro
amarelo, para pintar quer a crina quer a cauda, fazem-me lembrar aquelas as dos
bonecos do Canal Panda: My Little Pony. Numa palavra: Adorei!
Porém as emoções
ainda agora começaram. Fiesta! Vai
ser um dia de festa com um sabor diferente. Como é do vosso pleno conhecimento,
pois vocês também irão lá estar, a escolinha está a organizar um piquenique ou
“pique-nique à la française” de
amplitude familiar, no Parque da Cidade. Onde irão ter lugar um montão de
actividades, incluindo uma merenda colectiva, a qual, aliás, a minha mãe e a
avó Aurita se atarefam, neste momento, a preparar.
O meu pai está a
chamar-me. Aguentem aí os “cavais” que eu depois volto.
- Lauraaaaa… São
horas de nos despacharmos, a tralha está quase pronta e, para além disso, já
não é nada cedo. Sebo nas canelas e no rabiosque filha. Vamo-nos a isto filha
senão chegamos atrasadíssimos como sempre.
Sim, atrasados,
óooooo… Como não poderia deixar de ser a culpa é sempre minha, mas eu nunca
tenho culpa. Sou não imputável como devem depreender! Sou apenas uma criança.
Penso eu cá com os meus botões.
Chegámos
atrasados quase uma hora, o que não constituiu novidade para ninguém, e apesar
disso chegámos bem a horas, uma vez que a festa ainda não tinha sido
inaugurada, e houve muito boa gente que ainda chegou bem depois de nós, que nos
reste este consolo. E, para que vejam o Bernas e o Gui só chegaram depois da
aula de zumba.
Ora bem, quem foi
comigo, quem? Adivinhem lá… Pois esses eram os fáceis. A restante trupe?...
Andaram lá perto mas falharam na tia Vitalina. Resumindo: Para além dos papás
ainda foram a avó Aurita e a tia Vitalina, quer isto dizer, que fomos muitos
para parecermos mais ainda no entremeio da confusão instalada e do frenético barulho
dos raios de sol a trespassar e a passar entre os ramos e as folhas dos plátanos,
esmagando-se finalmente no chão.
Foi chegar e
abancar junto ao tronco de um enorme e frondoso plátano. Manta estendida,
farnel posto à sombra e o desassossego começou: Entre as pinturas faciais, os
jogos tradicionais, os insufláveis, o zumba, o body combat, as nossas actuações
no anfiteatro poeta António Aleixo, a abelha Zita e a loucura de estarmos todos
juntos numa tarde de festa, música e paparoca, tudo contribuiu tudo ajudou. Desassossego
que só terminou lá para as cinco e piques da tarde aquando do regresso a casa.
Não me vou
prender a muitos detalhes, certa de que vocês estiveram lá para ver e
participar, também. Eu vi-vos! Certo? Todavia vou deixar aqui umas notitas
explicativas para acicatar aqueles mais distraídos e os que não puderam lá
estar.
A primeira e de
índole mais familiar: O meu papá não estava tão “marafadinho” para a
brincadeira com o lhe é costumeiro; ainda estava meio para o melindrado e
fraquinho; ele esteve e tem estado um bocadinho doentinho, lembram-se?...
A segunda: Adorei
a minha pintura facial, fiquei uma leoparda lindíssima! Uáuuuuu…
A terceira: A
abelha Zita foi um sucesso. Esteve no seu melhor. Foi o máximo. Só não sei como
é que ela não tem calor, ou se o tem como aguenta. É tão peluda e dança tanto…
e o sol estava tão quente. Adoro a abelha Zita!
A quarta: Os
insufláveis. Os insufláveis foram o clímax da tarde e da festa. Estive lá tanto
tempo – pulei que pulei – que até me faltaram as forças e quase desidratei. Foi
aqui que se me foram as duracell, mas
uáuuuuu… foi inebriante!...
Gostei da merenda
e de merendar também – foi a minha primeira merenda. Todavia com a panóplia de
coisas que tinham, objectivamente, que merecer a minha atenção, apenas e com
esforço reti o facto. Quanto ao resto serviu para repor o nível de sólidos e
líquidos – um retempero de forças.
Fazendo uma
súmula: Diversão foi a primeira palavra de ordem do dia, a segunda foi adorei e
a terceira, deixo-a à laia de recado, mais, haja mais que esta soube a pouco ou
melhor que para o ano ou antes, se possível, haja mais.
Ao cair do pano,
mesmo na horinha da fuga, ainda recebi um recuerdo,
un regalito, já vos disse que ando a
ver o Manny Mãozinhas, não disse?..., da escolinha para assinalar a efeméride.
Foi a Telma que me deu, ela é tão simpática. Eu adoro a Telma! Pois é a Telma
deu-me uma prenda em forma de rebuçado, azul, que continha uma bola de praia
insuflável aos gomos brancos e amarelos. Só tenho a agradecer. Obrigada Telma.
Obrigada escolinha. Gostei imenso!
Mais um par de
corridas e o regresso a casa consumou-se. Da viagem e do caminho de volta não
há memória, varreu-se-me!
Acordei perto da
horinha do jantar. Terá sido a fome a apertar ou o mau feitio a despertar? Pois
é não sei… Sei que após o jantar foi assim: Tudo como dantes quartel-general em
Abrantes e caminha que estava mais que cansada, estava estafada ou esfarrapada,
como diz o povo; Já não podia com uma gata pelo rabo.
Olá domingo, bom
dia!...
Refeita da
“cansadeira” da véspera; eu recupero rápido, já estou pronta para outra – ora
venha lá ela – o problema é que hoje não vai haver outra, o que é de facto e de
todo lastimável.
Pois é, pois é
muito bem se canta na Sé ou, melhor dizendo, o meu domingo vai ser mais um
domingo.
Apanhando-me
embrenhada nestes pensamentos e enquanto atirava um rabo de olho aos meus
bonecos, o meu pai, usando de falsa fé ou como quem diz à má fila, já lá vai
embalado para o café. O malandrão aproveitou-se do meu momento introspectivo e
a distracção momentânea com os bonecos para zummmmm… tchau que já lá vou. E, como
o que vai não fica, até ver, ele vai e eu Laura Solange… Ora paciência, ele é
que perdeu o prazer sempre renovado da minha companhia e há bem mais marés que
marinheiros. Assim seja ou amém!
Também quando ele
chegar, todo “satisfeitinho”, não lhe vou contar pevide do que foram as minhas
aventuras tumultuosas em Vale da Rosa
City. Bem feita para quem a faz mal! Hum, hum,…
Bem pensado
melhor feito. O meu comportamento só tem um senão: Vocês não vão ficar a saber
o que se passou. Todavia, para obviar ao facto e à questiúncula, prometo-vos
que na segunda-feira vou-vos relatar os acontecimentos deste hiato de tempo.
Apenas para me redimir, perante vós, e para vos libertar dessa vossa atroz
curiosidade, do meu feitiozinho para com o meu pai. E, siga em frente, que para
trás mija a burra.
Quando chegou a
casa o meu pai vinha duas vezes urso: Biurso,
e porquê? Agora sendo mais má que mazinha vou-vos contar.
Resumindo e
baralhando. Deus é Grande é Pai e é Negro.
Pois bem, é bem
feita! Com a pressa de sumir da minha vista à sorrelfa, para não me levar não
fosse eu querer ir, adicionada à agravante de ser o dia de despejar o lixo
reciclado e, eu, enquanto no meu estatuto de Eco-Sabichona, tinha muito para lhe ensinar neste capítulo da
matéria e poderia ter sido uma ajuda inestimável. Mas voltando ao assunto de
tão delicada importância e de certa forma hilariante. Com tanta pressa algo
sempre fica esquecido e desta vez foi a carteira e com a falta dela, foram
vergonhas atrás de vergonhas, virou-se o feitiço contra o feiticeiro, não é bem
feito?...
No café Tertúlia,
onde foi escrever a história, a parte que me cabia, do Livro Viajante (foi uma ideia fantástica de gira), onde foi ler O Estilete Assassino de Ken Follett e,
por inerência, beber o seu cafezinho. E, com o café, é que se levanta o busílis
da questão. Na hora de pagar “nestes hás
de binóculos” carteira (isto de
se mudar de calças quando se é adulto tem mais que se lhe diga, há que
transladar a tralha, que repousa nos bolsos, de umas para as outras e, quando
não…) e por consequência dinheiro “nope” e no seguimento natural das coisas um “vergonhão”
daqueles, ahahahahah… Não foi fatela ter que deixar o cão à porta?...
Contudo a saga
não acabou aqui. Continua!...
Ouvi-o a comentar
com a minha mãe, enquanto esta grelhava o salmão; aquele peixe cor de laranja
de que eu gosto muito, que foi fazer compras ao Continente e, dizia ele: Pensei
que poderia pagar as compras com o Cartão
Visa Litgh que tinha na carteira dos documentos do carro mas morde bem a
cena: Na caixa, carregado que nem um ouriço-cacheiro, para não dizer um burro, fui
esperando na bicha até que chegasse a minha vez, aí foi um ver se te avias a
passar produtos, até o momento da fatídica conta final, que terminou com o
insira cartão, OK, insira o PIN, OK, e quando deveria ser feita a transacção
comercial, aparece na maldita máquina a seguinte mensagem: VALIDADE DO CARTÃO
EXPIRADA, CARTÃO INVÁLIDO. Olha! Depois de conta feita ia-me dando um fanico e
mais um valente blush, pedi mil
desculpas e só me restou meter o rabo entre as pernas e sair de fininho.
Ou seja, digo eu,
restou-lhe engolir o orgulho e dar às de Vila Diogo. Bem feita! Sou bem mazinha
quando quero e me fazem chegar a mostarda ao nariz, não sou?
Bem, o almoço já vocês
sabem qual foi, portanto não vou maçá-los com esse assunto.
Concluído o
almoço e enquanto a mãe e a avó Aurita (a avó Ilda também almoçou connosco)
procediam à arrumação da cozinha, a avó Ilda começou a cozer uns caracolitos para
o lanche e o meu pai começou a rabiscar no Livro
Viajante, assim se manteve entretido enquanto eu e a mamã nos despachávamos
para ir dar uma voltinha, apanhar um solzinho e um arzinho, pois ele, como é
bom de ver, já estava mais que despachado.
Despachadas. E
ala que se faz tarde. Passámos por Loulé para deixar a avó Aurita (não nos quis
fazer companhia. Alegou que estava cansada. É justo penso eu.) e rumámos à
Marina de Vilamoura para satisfazer a gula de um gelado e agarrar um pouco de
ar (im)puro e um sol que derramava sobre nós um manto de ouro, criando-nos a
ilusão que um dia poderíamos a vir a ter um Mercedes Benz…
Estacionámos o
carro junto ao ancoradouro da Corveta da Marinha de Guerra, no final do molhe
nascente ou de estibordo ao bom modo marinheiro, e lá fomos nós, os três, em
romaria: Eu, o pai e a mãe, com o escopo de ir lamber um geladinho à Marina e
de arejar os espíritos, como já aqui mencionei, porém, para os mais esquecidos
ou incautos, deixo aqui mais esta menção.
Saltei, corri, brinquei e até vi “equipas de
peixes” a que o meu pai chamou de cardumes, o facto é que eram mais que muitos
e todos juntos, até parecia que ia ter lugar um concerto do Tony Carreira versão
peixe ou outro artista pimba do género do mundo aquático.
Também fui
obsequiada por um pequeno passeio, numa zona proibida, mesmo juntinho à água e
aos cais da Marina. Tive, primeiramente, que passar um barramento em aço, para
depois, ao colo do meu pai, descer, por um declive bastante acentuado, e percorrer
um pequeno percurso sobre pedras enormes e de superfície irregular. Isto tudo
para quê? Estou já ouvindo as vossas cabecinhas a pensar e fervilhando de
“cusquice”. Fomos ver, muito de mansinho e disfarçadamente para que ele não
desconfiasse, um robalo – um peixe – que estava a caçar mesmo juntinho às
rochas. Foi uma emoção enquanto durou. Todavia, o peixe, logo que descobriu que
o estávamos a espiar deu à barbatana e desapareceu na vastidão submarina.
O caminho de
volta foi um vice-versa do percurso de ida com pequenas cambiantes de género. O
perigo é a minha profissão, controlado claro!
Dando espaço a
toda a minha imaginação, fiz com que o trajecto até à geladaria levasse uma
eternidade e meia, o dia estava maravilhoso porque carga de água deveria eu não
aproveitar a exercitar os músculos e coscuvilhar tudo o que era sítio interessante.
Chegados à
geladaria, após uma jornada plena de aventura e esticada ao máximo no tempo, quase
diria, já introduzindo aqui o sentido de ir e voltar, um périplo ao longo da
Marina, encomendámos três gelados de copo com uma bolinha cada, a vida está difícil
e na Marina mais ainda, diria mesmo pela hora da morte. Sete euros e cinquenta
cêntimos por três geladinhos, bolas onde é que isso já se viu, isto é o que se
chama um assalto sem mão armada. Retomando: Um de morango, outro de chocolate e
outro ainda de iogurte de morango, que partilhámos irmãmente. Pessoalmente,
gostei mais do de “xicólate”.
Pssst… O meu pai
ficou escandalizado com o preço dos gelados – quinhentos paus cada um, foi
assim que ele disse - ihihihihih… ter mulher e filha sai caro.
No regresso,
iniciámos um jogo de esconde-esconde que foi o máximo mas acabou por esgotar as
minhas energias, inclusive as adquiridas com a ingestão do gelado, pelo que
decidi fazer uma corrida com o meu pai nos seguintes moldes: Ele a cavalo nas
suas pernas e eu às cavalitas da mãe. Amei!
Ainda mal o carro
bonito se avistava já eu estava de olho na Corveta de Patrulha de Guerra – ela
é grande demais para não ser notada, grande e velha, uma autentica relíquia do
período quase “pré-dinossaurico”, nada parecida aos seus primos iates e outros
que estavam ancoradas nos cais da Marina – ancorada junto ao sítio onde
tínhamos estacionado. Quando cheguei, confesso, que já tinha reparado nela. Mas
ia na “anga”, como diz a minha avó Ilda, do gelado e deixei passar a curiosidade
em aberto contudo, agora, satisfeita a gula, decidi que queria ir lá vê-la, e
não só, visitá-la por dentro e se possível dar um passeio – nunca vi um barco
grande por dentro e o bichinho da bisbilhotice roeu. Assim, pedinchei à minha
mãe, pois tive vergonha de fazê-lo, para perguntar a um Sr. vestido de azul com
uma boina branca a ornar-lhe a cabeça e que estava mesmo junto à porta do
“barcalhão”, se poderíamos visitar e ao mesmo tempo dar uma passeata no barco
grande.
Pedir a minha mãe
pediu. Porém a sorte, desta vez, não estava do nosso lado, o não já sabíamos
que o teríamos e o resto seria ganho ou acrescento. Todavia não tive direito a
voltinha nem autorização para subir a bordo para uma visita guiada. Fiquei, no
entanto, a saber que o Sr. vestido de azul e de boina branca era um marinheiro e
fazia parte da tripulação, e, também, que não mandava nada. Quem mandava era o
comandante, que se tinha ausentado, e só ele poderia dar autorização à visita.
Agradecemos na
mesma e regressámos ao carro, onde o meu pai, repimpado no banco, ouvia música.
Vi logo pelo risinho, cínico, dele que já sabia do ocorrido ou melhor que já
sabia, premeditadamente, do que iria ocorrer. Mas não faz mal, pois quem ri
melhor ri no fim e eu vou propor lá na escolinha uma visita de estudo com
passeio incluído, tal e qual quando vamos à biblioteca. Fica aqui a ideia.
No regresso a
casa entrei no vale dos mil paraísos e sonhei, sonhei e sonhei,…
Beijinhos. A
vossa cronista de FDS’s Laura Solange a “Pastora
de Ideias e Confusões”.
tÓ mAnÉ (in Laura Solange dixit) - 2013.06.(01,02)
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Esta forma de eu escrever o mundo
Esta forma de eu escrever o mundo.
Esta mania
compulsiva de lhe rebuscar os lados mais lúgubres e pestilentos.
Este meu sentido
de procura do lodaçal, sórdido, e pegajoso que lhe escorre da cloaca.
Este meu estar às
avessas, sempre do lado de fora; cultivo o extrínseco.
Este meu ser “ovelha negra” que não se contenta ao
rebanho.
Este meu sentir
diferente que me conduz a azinhagas estreitas, escuras, infindáveis e estéreis.
Este meu
caminhar, titubeante e dolente, em contra-mão que me emprenhou a vida de
percalços menos agradáveis, desagradáveis e odiosos mesmo, todavia saudáveis na
sua infinita insalubridade doentia, insana.
Será este o
caminho certo?... Sendo que de certo só a morte temos. Ou, estarei num périplo
labiríntico, onde o Minotauro me relembra a cada instante, inexorável e
atrozmente, todos os medos antigos e recentes, aliás porquê excepcionar algum
que seja por esquecido, todos os meus medos, e de onde, se não os enfrentar
vitoriosamente, não lograrei sair mais, sem que antes perca a sanidade mental ou
mesmo o fundamento da razão?...
Será?... Será
esta a forma certa de eu escrever o mundo?...
Talvez o escrever
o mundo não passe de uma escrita do “nós”?...
Ou uma forma de descrevermo-nos a nós?... Ou ainda uma presunção do “nós”?...
tÓ mAnÉ
Editions
Flores
Flores
Braçadas de flores
Lançadas do céu
Salpicam e perfumam
De sonhos os incautos.
Flores
De flores nas mãos apertadas
Chora a viúva
Sorri a noiva
Uma despede-se a outra rejubila.
Flores
Voam flores sobre as paradas
Caem sobre os marchantes e fanfarras
Aplaude a multidão exultada
Alfim, jazem no chão espezinhadas.
Flores
Vinte e uma como as salvas
Adejam, vívidas, em jardins
Enquanto, enroladas, nos braços pousam
Quando em mastros haviam de ondular
As bandeiras da desmedida usura humana.
Flores
Nos campos, a perder de vista, flores
cortadas
Vidas inutilmente tombadas
Pousadas nos túmulos em memória
Ressequidas da ilusão eterna
Esquecidas do tempo e pelo tempo
Mortas! De alma ainda inocente.
Flores, flores e flores…
tÓ mAnÉ
Brincavas nua no brilho de um olhar
Há muitos Altos e,
O Alto dos Caliços é um entre eles.
Local de esperança e desesperança
De união e separação
E, de solidão, também.
Espera-se e desespera-se
E, sonha-se, braços abertos ao mundo
No trazer e no levar.
Treze e quinze, …, treze e tinta
Atrasou-se! É natural.
Rolam, ligeiros, no relógio, os ponteiros
Contudo o tempo parece não passar
Treze e três quartos, catorze…
Não pode ser! É muito atraso…
Há que saber, urge saber
Procura-se, na bilheteira, informação.
Aguarda-se! Pois tarda. Sobe a agitação.
Bebem-se as palavras. Ouve-se com
atenção.
Erro de comunicação. Erro de posição.
Desatenção.
Esperas impolutas, em vão
Tempo perdido, sem qualquer adição;
malsão!...
Desencontro de tempo no tempo
Estúpida justaposição.
Nada é longe, nada é perto, também
Foi um tempo deserto
Não serviu nada, nem ninguém.
União. Dissipar de sobressalto.
Rotura no tempo
Espaço de e para todas as disposições
Enlace de línguas plenas de verbo
Vórtice no tempo; lapso de corrente
Hiato feliz criado pelo momento.
Tiquetaque, tiquetaque, tiquetaque, …
Hora da revoada. Hora do adeus. Hora do
até sempre.
E, no cais, desembarca e embarca
Um sonho mais.
O fumo, cinza, eleva-se do escape
Lentas, as rodas rolam, escorrendo,
Num movimento que levou consigo o tempo
Trucidando, assim, o sentimento.
tÓ mAnÉ
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