quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Guadalupe


Contemplo-a! Sobre a mesa
Aberta para mim
Apelativa, convidativa.
Do seu bocal rolou, descuidada,
Uma pérola rubra
Maculando o alvo linho da toalha
Uma gota, genuína, de prazer
Rolou e pingou
Deixando antever uma volúpia escondida.
A seu lado, imponente,
Ainda reluzente, o objecto, erecto   
Adivinha, antecipadamente, o culto, o deleite
Contudo, erecto permanece
E, imóvel, aguarda, pacientemente aguarda…
Que tão precioso néctar o preencha
Lhe humedeça as paredes secas.
Inclina-se solene com cuidado
Não vá o requinte ficar toldado
Dando-se, sem reservas, docemente,
Num ondular suave, todavia pungente
Culminando, tal como iniciou, abruptamente.
Faço, fugaz, uma ténue vénia
Tomo-a em minhas mãos
Reclino-a com esmero
Leio seu corpo negro azulado
Orlado por um céu nocturno
Onde,
Um quarto decrescente e uma estrela cintilante
Repousam em primeiro fundo.
Guadalupe 2005 Selection
Sirvo o copo que, cansado, erecto espera
Sento-me, confortavelmente, na poltrona
Rebolo-lhe o néctar pelas suas faces
Observo-o, inclino-o, elevo-o
Sinto-lhe o odor frutado e amadeirado
Conduzo-o, vagarosamente, aos lábios
Furto-lhe um diminuto gole
Degusto-o!
Deleito-me com a sua essência,
Única, exótica.
Fecho os olhos, recosto-me
Aguardo que me penetre os sentidos
Procurando eternizar a magia do momento. 

tÓ mAnÉ   Style

Sem comentários:

Enviar um comentário