quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Crónicas FDS da Laura - Registo XV



Oláaaaaa!...
Acordei excitadíssima! Pudera hoje vai ser o meu dia, o Dia da Criança e como vocês já sabem: Ser criança é ser feliz! Cumulativamente a hoje ser o Dia da Criança e eu ser criança, ainda adjunto o facto de me sentir duplamente feliz!...
Energia é uma das palavra que descreve hoje a força do meu despertar – energia pura em movimento – a outra é Alegria, aquela que emerge do meu ser e irradia, iluminando os sorrisos de quem me rodeia.
Hoje, por ser o Dia da Criança, recebi dois miminhos sob a forma de presentes: Um da avó Aurita - Histórias de Princesas - e um outro dos meus queridos papás – uma linda pónei de longa crina e cauda, brancas, com dois marcadores, um cor-de-rosa e outro amarelo, para pintar quer a crina quer a cauda, fazem-me lembrar aquelas as dos bonecos do Canal Panda: My Little Pony. Numa palavra: Adorei!
Porém as emoções ainda agora começaram. Fiesta! Vai ser um dia de festa com um sabor diferente. Como é do vosso pleno conhecimento, pois vocês também irão lá estar, a escolinha está a organizar um piquenique ou “pique-nique à la française” de amplitude familiar, no Parque da Cidade. Onde irão ter lugar um montão de actividades, incluindo uma merenda colectiva, a qual, aliás, a minha mãe e a avó Aurita se atarefam, neste momento, a preparar.
O meu pai está a chamar-me. Aguentem aí os “cavais” que eu depois volto.
- Lauraaaaa… São horas de nos despacharmos, a tralha está quase pronta e, para além disso, já não é nada cedo. Sebo nas canelas e no rabiosque filha. Vamo-nos a isto filha senão chegamos atrasadíssimos como sempre.
Sim, atrasados, óooooo… Como não poderia deixar de ser a culpa é sempre minha, mas eu nunca tenho culpa. Sou não imputável como devem depreender! Sou apenas uma criança. Penso eu cá com os meus botões.
Chegámos atrasados quase uma hora, o que não constituiu novidade para ninguém, e apesar disso chegámos bem a horas, uma vez que a festa ainda não tinha sido inaugurada, e houve muito boa gente que ainda chegou bem depois de nós, que nos reste este consolo. E, para que vejam o Bernas e o Gui só chegaram depois da aula de zumba.
Ora bem, quem foi comigo, quem? Adivinhem lá… Pois esses eram os fáceis. A restante trupe?... Andaram lá perto mas falharam na tia Vitalina. Resumindo: Para além dos papás ainda foram a avó Aurita e a tia Vitalina, quer isto dizer, que fomos muitos para parecermos mais ainda no entremeio da confusão instalada e do frenético barulho dos raios de sol a trespassar e a passar entre os ramos e as folhas dos plátanos, esmagando-se finalmente no chão. 
Foi chegar e abancar junto ao tronco de um enorme e frondoso plátano. Manta estendida, farnel posto à sombra e o desassossego começou: Entre as pinturas faciais, os jogos tradicionais, os insufláveis, o zumba, o body combat, as nossas actuações no anfiteatro poeta António Aleixo, a abelha Zita e a loucura de estarmos todos juntos numa tarde de festa, música e paparoca, tudo contribuiu tudo ajudou. Desassossego que só terminou lá para as cinco e piques da tarde aquando do regresso a casa.
Não me vou prender a muitos detalhes, certa de que vocês estiveram lá para ver e participar, também. Eu vi-vos! Certo? Todavia vou deixar aqui umas notitas explicativas para acicatar aqueles mais distraídos e os que não puderam lá estar.
A primeira e de índole mais familiar: O meu papá não estava tão “marafadinho” para a brincadeira com o lhe é costumeiro; ainda estava meio para o melindrado e fraquinho; ele esteve e tem estado um bocadinho doentinho, lembram-se?...     
A segunda: Adorei a minha pintura facial, fiquei uma leoparda lindíssima! Uáuuuuu…
A terceira: A abelha Zita foi um sucesso. Esteve no seu melhor. Foi o máximo. Só não sei como é que ela não tem calor, ou se o tem como aguenta. É tão peluda e dança tanto… e o sol estava tão quente. Adoro a abelha Zita!
A quarta: Os insufláveis. Os insufláveis foram o clímax da tarde e da festa. Estive lá tanto tempo – pulei que pulei – que até me faltaram as forças e quase desidratei. Foi aqui que se me foram as duracell, mas uáuuuuu… foi inebriante!...
Gostei da merenda e de merendar também – foi a minha primeira merenda. Todavia com a panóplia de coisas que tinham, objectivamente, que merecer a minha atenção, apenas e com esforço reti o facto. Quanto ao resto serviu para repor o nível de sólidos e líquidos – um retempero de forças.
Fazendo uma súmula: Diversão foi a primeira palavra de ordem do dia, a segunda foi adorei e a terceira, deixo-a à laia de recado, mais, haja mais que esta soube a pouco ou melhor que para o ano ou antes, se possível, haja mais.
Ao cair do pano, mesmo na horinha da fuga, ainda recebi um recuerdo, un regalito, já vos disse que ando a ver o Manny Mãozinhas, não disse?..., da escolinha para assinalar a efeméride. Foi a Telma que me deu, ela é tão simpática. Eu adoro a Telma! Pois é a Telma deu-me uma prenda em forma de rebuçado, azul, que continha uma bola de praia insuflável aos gomos brancos e amarelos. Só tenho a agradecer. Obrigada Telma. Obrigada escolinha. Gostei imenso!
Mais um par de corridas e o regresso a casa consumou-se. Da viagem e do caminho de volta não há memória, varreu-se-me!
Acordei perto da horinha do jantar. Terá sido a fome a apertar ou o mau feitio a despertar? Pois é não sei… Sei que após o jantar foi assim: Tudo como dantes quartel-general em Abrantes e caminha que estava mais que cansada, estava estafada ou esfarrapada, como diz o povo; Já não podia com uma gata pelo rabo.
Olá domingo, bom dia!...
Refeita da “cansadeira” da véspera; eu recupero rápido, já estou pronta para outra – ora venha lá ela – o problema é que hoje não vai haver outra, o que é de facto e de todo lastimável.
Pois é, pois é muito bem se canta na Sé ou, melhor dizendo, o meu domingo vai ser mais um domingo.
Apanhando-me embrenhada nestes pensamentos e enquanto atirava um rabo de olho aos meus bonecos, o meu pai, usando de falsa fé ou como quem diz à má fila, já lá vai embalado para o café. O malandrão aproveitou-se do meu momento introspectivo e a distracção momentânea com os bonecos para zummmmm… tchau que já lá vou. E, como o que vai não fica, até ver, ele vai e eu Laura Solange… Ora paciência, ele é que perdeu o prazer sempre renovado da minha companhia e há bem mais marés que marinheiros. Assim seja ou amém!
Também quando ele chegar, todo “satisfeitinho”, não lhe vou contar pevide do que foram as minhas aventuras tumultuosas em Vale da Rosa City. Bem feita para quem a faz mal! Hum, hum,…
Bem pensado melhor feito. O meu comportamento só tem um senão: Vocês não vão ficar a saber o que se passou. Todavia, para obviar ao facto e à questiúncula, prometo-vos que na segunda-feira vou-vos relatar os acontecimentos deste hiato de tempo. Apenas para me redimir, perante vós, e para vos libertar dessa vossa atroz curiosidade, do meu feitiozinho para com o meu pai. E, siga em frente, que para trás mija a burra.
Quando chegou a casa o meu pai vinha duas vezes urso: Biurso, e porquê? Agora sendo mais má que mazinha vou-vos contar.
Resumindo e baralhando. Deus é Grande é Pai e é Negro.
Pois bem, é bem feita! Com a pressa de sumir da minha vista à sorrelfa, para não me levar não fosse eu querer ir, adicionada à agravante de ser o dia de despejar o lixo reciclado e, eu, enquanto no meu estatuto de Eco-Sabichona, tinha muito para lhe ensinar neste capítulo da matéria e poderia ter sido uma ajuda inestimável. Mas voltando ao assunto de tão delicada importância e de certa forma hilariante. Com tanta pressa algo sempre fica esquecido e desta vez foi a carteira e com a falta dela, foram vergonhas atrás de vergonhas, virou-se o feitiço contra o feiticeiro, não é bem feito?...
No café Tertúlia, onde foi escrever a história, a parte que me cabia, do Livro Viajante (foi uma ideia fantástica de gira), onde foi ler O Estilete Assassino de Ken Follett e, por inerência, beber o seu cafezinho. E, com o café, é que se levanta o busílis da questão. Na hora de pagar “nestes hás de binóculos carteira (isto de se mudar de calças quando se é adulto tem mais que se lhe diga, há que transladar a tralha, que repousa nos bolsos, de umas para as outras e, quando não…) e por consequência dinheiro “nope” e no seguimento natural das coisas um “vergonhão” daqueles, ahahahahah… Não foi fatela ter que deixar o cão à porta?...
Contudo a saga não acabou aqui. Continua!...
Ouvi-o a comentar com a minha mãe, enquanto esta grelhava o salmão; aquele peixe cor de laranja de que eu gosto muito, que foi fazer compras ao Continente e, dizia ele: Pensei que poderia pagar as compras com o Cartão Visa Litgh que tinha na carteira dos documentos do carro mas morde bem a cena: Na caixa, carregado que nem um ouriço-cacheiro, para não dizer um burro, fui esperando na bicha até que chegasse a minha vez, aí foi um ver se te avias a passar produtos, até o momento da fatídica conta final, que terminou com o insira cartão, OK, insira o PIN, OK, e quando deveria ser feita a transacção comercial, aparece na maldita máquina a seguinte mensagem: VALIDADE DO CARTÃO EXPIRADA, CARTÃO INVÁLIDO. Olha! Depois de conta feita ia-me dando um fanico e mais um valente blush, pedi mil desculpas e só me restou meter o rabo entre as pernas e sair de fininho.
Ou seja, digo eu, restou-lhe engolir o orgulho e dar às de Vila Diogo. Bem feita! Sou bem mazinha quando quero e me fazem chegar a mostarda ao nariz, não sou?
Bem, o almoço já vocês sabem qual foi, portanto não vou maçá-los com esse assunto.
Concluído o almoço e enquanto a mãe e a avó Aurita (a avó Ilda também almoçou connosco) procediam à arrumação da cozinha, a avó Ilda começou a cozer uns caracolitos para o lanche e o meu pai começou a rabiscar no Livro Viajante, assim se manteve entretido enquanto eu e a mamã nos despachávamos para ir dar uma voltinha, apanhar um solzinho e um arzinho, pois ele, como é bom de ver, já estava mais que despachado.
Despachadas. E ala que se faz tarde. Passámos por Loulé para deixar a avó Aurita (não nos quis fazer companhia. Alegou que estava cansada. É justo penso eu.) e rumámos à Marina de Vilamoura para satisfazer a gula de um gelado e agarrar um pouco de ar (im)puro e um sol que derramava sobre nós um manto de ouro, criando-nos a ilusão que um dia poderíamos a vir a ter um Mercedes Benz…
Estacionámos o carro junto ao ancoradouro da Corveta da Marinha de Guerra, no final do molhe nascente ou de estibordo ao bom modo marinheiro, e lá fomos nós, os três, em romaria: Eu, o pai e a mãe, com o escopo de ir lamber um geladinho à Marina e de arejar os espíritos, como já aqui mencionei, porém, para os mais esquecidos ou incautos, deixo aqui mais esta menção.
 Saltei, corri, brinquei e até vi “equipas de peixes” a que o meu pai chamou de cardumes, o facto é que eram mais que muitos e todos juntos, até parecia que ia ter lugar um concerto do Tony Carreira versão peixe ou outro artista pimba do género do mundo aquático.
Também fui obsequiada por um pequeno passeio, numa zona proibida, mesmo juntinho à água e aos cais da Marina. Tive, primeiramente, que passar um barramento em aço, para depois, ao colo do meu pai, descer, por um declive bastante acentuado, e percorrer um pequeno percurso sobre pedras enormes e de superfície irregular. Isto tudo para quê? Estou já ouvindo as vossas cabecinhas a pensar e fervilhando de “cusquice”. Fomos ver, muito de mansinho e disfarçadamente para que ele não desconfiasse, um robalo – um peixe – que estava a caçar mesmo juntinho às rochas. Foi uma emoção enquanto durou. Todavia, o peixe, logo que descobriu que o estávamos a espiar deu à barbatana e desapareceu na vastidão submarina.
O caminho de volta foi um vice-versa do percurso de ida com pequenas cambiantes de género. O perigo é a minha profissão, controlado claro!
Dando espaço a toda a minha imaginação, fiz com que o trajecto até à geladaria levasse uma eternidade e meia, o dia estava maravilhoso porque carga de água deveria eu não aproveitar a exercitar os músculos e coscuvilhar tudo o que era sítio interessante.
Chegados à geladaria, após uma jornada plena de aventura e esticada ao máximo no tempo, quase diria, já introduzindo aqui o sentido de ir e voltar, um périplo ao longo da Marina, encomendámos três gelados de copo com uma bolinha cada, a vida está difícil e na Marina mais ainda, diria mesmo pela hora da morte. Sete euros e cinquenta cêntimos por três geladinhos, bolas onde é que isso já se viu, isto é o que se chama um assalto sem mão armada. Retomando: Um de morango, outro de chocolate e outro ainda de iogurte de morango, que partilhámos irmãmente. Pessoalmente, gostei mais do de “xicólate”.
Pssst… O meu pai ficou escandalizado com o preço dos gelados – quinhentos paus cada um, foi assim que ele disse - ihihihihih… ter mulher e filha sai caro.
No regresso, iniciámos um jogo de esconde-esconde que foi o máximo mas acabou por esgotar as minhas energias, inclusive as adquiridas com a ingestão do gelado, pelo que decidi fazer uma corrida com o meu pai nos seguintes moldes: Ele a cavalo nas suas pernas e eu às cavalitas da mãe. Amei!
Ainda mal o carro bonito se avistava já eu estava de olho na Corveta de Patrulha de Guerra – ela é grande demais para não ser notada, grande e velha, uma autentica relíquia do período quase “pré-dinossaurico”, nada parecida aos seus primos iates e outros que estavam ancoradas nos cais da Marina – ancorada junto ao sítio onde tínhamos estacionado. Quando cheguei, confesso, que já tinha reparado nela. Mas ia na “anga”, como diz a minha avó Ilda, do gelado e deixei passar a curiosidade em aberto contudo, agora, satisfeita a gula, decidi que queria ir lá vê-la, e não só, visitá-la por dentro e se possível dar um passeio – nunca vi um barco grande por dentro e o bichinho da bisbilhotice roeu. Assim, pedinchei à minha mãe, pois tive vergonha de fazê-lo, para perguntar a um Sr. vestido de azul com uma boina branca a ornar-lhe a cabeça e que estava mesmo junto à porta do “barcalhão”, se poderíamos visitar e ao mesmo tempo dar uma passeata no barco grande.
Pedir a minha mãe pediu. Porém a sorte, desta vez, não estava do nosso lado, o não já sabíamos que o teríamos e o resto seria ganho ou acrescento. Todavia não tive direito a voltinha nem autorização para subir a bordo para uma visita guiada. Fiquei, no entanto, a saber que o Sr. vestido de azul e de boina branca era um marinheiro e fazia parte da tripulação, e, também, que não mandava nada. Quem mandava era o comandante, que se tinha ausentado, e só ele poderia dar autorização à visita.
Agradecemos na mesma e regressámos ao carro, onde o meu pai, repimpado no banco, ouvia música. Vi logo pelo risinho, cínico, dele que já sabia do ocorrido ou melhor que já sabia, premeditadamente, do que iria ocorrer. Mas não faz mal, pois quem ri melhor ri no fim e eu vou propor lá na escolinha uma visita de estudo com passeio incluído, tal e qual quando vamos à biblioteca. Fica aqui a ideia.
No regresso a casa entrei no vale dos mil paraísos e sonhei, sonhei e sonhei,…
Beijinhos. A vossa cronista de FDS’s Laura Solange a “Pastora de Ideias e Confusões”.                   
        
tÓ mAnÉ   (in Laura Solange dixit) - 2013.06.(01,02)

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