segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Esta forma de eu escrever o mundo


Esta forma de eu escrever o mundo.
Esta mania compulsiva de lhe rebuscar os lados mais lúgubres e pestilentos.
Este meu sentido de procura do lodaçal, sórdido, e pegajoso que lhe escorre da cloaca.
Este meu estar às avessas, sempre do lado de fora; cultivo o extrínseco.
Este meu ser “ovelha negra” que não se contenta ao rebanho.
Este meu sentir diferente que me conduz a azinhagas estreitas, escuras, infindáveis e estéreis.
Este meu caminhar, titubeante e dolente, em contra-mão que me emprenhou a vida de percalços menos agradáveis, desagradáveis e odiosos mesmo, todavia saudáveis na sua infinita insalubridade doentia, insana.
Será este o caminho certo?... Sendo que de certo só a morte temos. Ou, estarei num périplo labiríntico, onde o Minotauro me relembra a cada instante, inexorável e atrozmente, todos os medos antigos e recentes, aliás porquê excepcionar algum que seja por esquecido, todos os meus medos, e de onde, se não os enfrentar vitoriosamente, não lograrei sair mais, sem que antes perca a sanidade mental ou mesmo o fundamento da razão?...
Será?... Será esta a forma certa de eu escrever o mundo?...
Talvez o escrever o mundo não passe de uma escrita do “nós”?... Ou uma forma de descrevermo-nos a nós?... Ou ainda uma presunção do “nós”?...

tÓ mAnÉ   Editions

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