Esta forma de eu escrever o mundo.
Esta mania
compulsiva de lhe rebuscar os lados mais lúgubres e pestilentos.
Este meu sentido
de procura do lodaçal, sórdido, e pegajoso que lhe escorre da cloaca.
Este meu estar às
avessas, sempre do lado de fora; cultivo o extrínseco.
Este meu ser “ovelha negra” que não se contenta ao
rebanho.
Este meu sentir
diferente que me conduz a azinhagas estreitas, escuras, infindáveis e estéreis.
Este meu
caminhar, titubeante e dolente, em contra-mão que me emprenhou a vida de
percalços menos agradáveis, desagradáveis e odiosos mesmo, todavia saudáveis na
sua infinita insalubridade doentia, insana.
Será este o
caminho certo?... Sendo que de certo só a morte temos. Ou, estarei num périplo
labiríntico, onde o Minotauro me relembra a cada instante, inexorável e
atrozmente, todos os medos antigos e recentes, aliás porquê excepcionar algum
que seja por esquecido, todos os meus medos, e de onde, se não os enfrentar
vitoriosamente, não lograrei sair mais, sem que antes perca a sanidade mental ou
mesmo o fundamento da razão?...
Será?... Será
esta a forma certa de eu escrever o mundo?...
Talvez o escrever
o mundo não passe de uma escrita do “nós”?...
Ou uma forma de descrevermo-nos a nós?... Ou ainda uma presunção do “nós”?...
tÓ mAnÉ
Editions
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