Olá rabinos e rabinas! Portaram-se mal este fim-de-semana?... Quero eu dizer mal à maneira dos papás, sob o seu ponto de vista irreal das coisas, mas bem ao nosso entendimento das realidades mundanas. Sim, uáuuuuu… Fixe pestinhas! Eu também fiz a minha parte, ahahahahah… Boa!
Ora vamos lá às
minhas viagens versos aventuras de FDS que começaram mais ou menos como os
outros com a cambiante que, desta vez, fiquei ostracizada em casa com a minha
avó Ilda enquanto os meus pais foram laurear a pevide ou badalar o queijo,
conforme o caso e o sexo, para a “vila”; a mamã estava carregada de pressa, tal
e qual uma burra carregada tem de chegar a casa para descarregar a carga, e
como quase sempre, também, era tarde. Face a estas continências eu é que acabei
por pagar a factura, ora bolas!... Mas se eles pensaram que fiquei aborrecida,
enganaram-se redondamente. Ficar em casa com a avozinha é farrobodó à
tripa-forra, vai ser tudo à farta, só vou fazer o que me der na veneta, pois a
avó não tem voto na matéria. Aqui no meu reino quem reina sou eu, isto quando
não estão aí os meus pais, óbvio, não?...
Arre que já não
era sem tempo. Finalmente os passeantes chegaram, apanharam-se de perna solta e
aproveitaram.
Farta, até ao
miolo, de fazer o que me apetecia, e com as saudades já a apertar, fiquei mais
contente que uma pega sem rabo, quando eles, os papás, chegaram. O meu pequeno
mundo estava de novo refeito.
Roídinha de morte
pela curiosidade – a curiosidade é que apanha o gato – e depois dos abracinhos
e beijinhos de convenção, logo desatei a “estramela” e as perguntas choveram a
cântaros rolando em catadupa pela cascata que era a minha boca escancarada pela
infame bisbilhotice.
- Onde foram?...
- O que
fizeram?...
- Compraram o
quê?...
E, por aí fora,
num sem número, que mais parecia um interrogatório da Policia Judiciária.
Todavia as respostas eram parcas e rolavam a conta-gotas, gota após gota muito
pausadamente para o afogueamento da minha curiosidade, plim, plim, plim,… uma
gota aqui, enquanto o pai colocava o sal no peixe, e mais umas perguntas: Que
peixe é esse pai?... Onde o apanhas-te?...
- Filha o pai não
foi à pesca, comprou no mercado e chama-se peixe-espada. Olha! Vês, tem a forma
de uma espada e é reluzente como ela.
- Pois é pai! A
espada de um rei ou de um príncipe?...
Mais uma gota acolá,
enquanto a mãe abria umas caixinhas e tirava de lá umas maquinetas estranhas e
totalmente desconhecidas, pelo menos, para minha pessoa.
- O que é isso
mãe?...
- São
electrodomésticos que a mãe precisava.
- Onde compraste
mãe, onde compraste?...
- Comprei na
Worten, enquanto o teu pai foi ao Modelo e não me azucrinava a cabeça, aproveitando
a oportunidade de uma campanha de tudo a um euro por mês. Assim, como podes ver
comprei: Este ferro de passar a ferro, para substituir o outro que está
velhinho e necessita de reparação, este aspirador portátil, os nossos carros
por dentro estão um nojo e o teu pai não quer saber disso para nada, aliás até
tem ódio a quem queira, assim não vai ter mais desculpas esfarrapadas, e esta
aqui é uma panela especial, permite fazer comida quase sem gordura, chamada de
Actifry, para obviar ao colesterol do teu pai que anda sempre a trezentos à
hora e, ele, é um guloso de primeira, não por doces, mas por coisas que não
deve.
Descobri ainda
que as aventuras extravasaram o mercado, o Modelo e a Worten, pois não
contentes com, ainda foram à da Dona Ana. Não é que eu não tivesse desconfiado
mas saber, bem saber não sabia. Porém, o local da ingestão do café, esse ficou no
segredo dos Deuses, aí o mistério prevaleceu.
E assim a informação foi chegando num gota a
gota irritante mas precioso, pois a minha quadrilhice foi ficando saciada e até
mesmo satisfeita.
Enquanto a mãe
arrumou a tralha que compraram o pai tratou do peixe e pô-lo a assar e a avó
Aurita, sim eles trouxeram a avó Aurita para o almoço, tratou da salada de
tomate cor-de-rosa, das batatinhas com pele e do pão, a minha avó corta o pão
em fatias muito fininhas, gosto tanto delas assim, o pão fica com um sabor
diferente.
Também neste gota
a gota o almoço foi ultimado, pela primeira vez comi, e gostei muito,
peixe-espada grelhado, uma experiência nova e enriquecedora para o meu palato e
o meu saber.
Depois de almoço
cada qual foi governar vida à sua maneira: Eu fui para o sofá ver os meus
bonecos, a minha avó e a mãe foram tratar da tacharia e o meu pai, para além de
ir dar os restos de comida ao Syd, que é um comilão, foi preparar as
ferramentas para depois ir tratar do que restava do mato bravio que ainda invadia
o caminho de acesso à nossa querida casinha.
Quando voltou de
tão agreste tarefa, vim a saber que teve a preciosa ajuda do Eduardinho, que
tem uma moradia mais acima, no caminho principal, e que é pai da Pipinha. Lembram-se
dela? Aquela menina simpática que me ajudou a nadar na piscina no aniversário
da Joana, pois é ela! Não a vejo desde aí. É assim a vida!...
Após arrumarem a
cozinha a avó e a mãe vieram para a sala descansar um pouquito e, por
consequência, foram obrigadas a ver os meus bonecos (vou poupar-vos aos meus
bonecos e etc e tal que vocês estão carecas de saber do que gasta a casa e
relatar apenas alguns episódios mais relevantes) pois eu estava de feitiozinho.
Às tantas para as
quantas durante a tarde a brigada do reumático constituída pela avó Ilda e a
tia Vitalina fizeram o seu show up e
a conversa – blá, blá, blá,… - de adultos começou, tendo como intervenientes
principais as avós e a tia. Como o interesse, para mim, era pouco, desliguei,
dei uma de off, assim como a mãe que
sorrateiramente se refugiou no escritório a trabalhar na malfadada da tese de
mestrado. Arre que não se vê o fundo ao poço.
No final restou:
Conversa e quadrilhice de velhas e as minhas brincadeiras, ambas tendo como
painel de fundo a policromia da televisão e a paisagem alcançada para além dos
vidros das janelas.
No final da tarde,
tal como chegaram “em bando”, assim
se deu a revoada ou a debandada da avó Ilda e da tia Vitalina. Mais pareciam um
bando de estorninhos: Assim que uma revoa a outra segue-lhe de imediato as
asas. Coisa inédita e nunca vista. Mas, falava eu do final da tarde, quando me
perdi nesta divagação aérea, esquecendo o essencial, o mote da menção e que é o
seguinte: A minha mãe convidou-me, porque sabe que eu gosto, para a acompanhar
no mais que badalado enchimento de garrafões de cinco litros, como também para
o subsequente trabalho de alimentar a bicharada, coisa que já é do vosso
conhecimento e com a qual não vos vou maçar com pormenores. Há, no entanto,
aqui que gerar uma pequena ressalva para correcção de imprecisões e de hiatos
temporais, em prol da verdade suprema, e que é esta: No seu segundo ataque roça
mato ao caminho – o primeiro teve lugar no fim-de-semana anterior - o meu pai,
após tratar das ferramentas não perpetrou de imediato o ataque ao roça mato
como atrás pode ter sido dado a atender ou ficado implícito. Não! Primeiro, nas
suas calmas nervosas, deu um pulinho a Loulé, adivinhem para quê? Claro,
acertaram! Cafezinho, cafezinho e a sua querida leitura, estes sim não podiam
esperar, quanto ao mato, isso está quieto ó mau… Agora já mudou de amante. Anda
às voltas com um livreco de fraca figura, magrinho, fininho que não tem nada a
ver com os calhamaços com que costuma andar acompanhado, tão pouco com os temas
que aborda. Este chama-se A Imperfeição do Amor e é da autoria de um alentejano
de Beja – a minha avó Aurita também é uma alentejana de Beja, será por isso?...
– o Joaquim Mestre.
Tratada que foi a
bicharada recolhemos a casa. E, assim, iniciámos, no que restava da tarde, um processo
de déjà vu em replay do dia a dia, do quotidiano lá
de casa: Os cães, os banhos, o jantar e como não poderia deixar de ser, excepto
quando estou a pensar na vida, os meus bonecos seguidos da estória e pestaninha para que te quero.
Apenas uma nota de
rodapé para vos contar que a avó Aurita dormiu em nossa casa. Vai passar o
fim-de-semana connosco por certo.
Eis-nos em pleno
domingo que acordou, para o lado do meu paizinho, mal disposto e sombrio.
Porquê? Porque ele está cheio de febre e muito doentinho. Só quer chá e
comprimidos para as dores, não sei onde são as ditas, e, para além disso não se
quer levantar, o que não faz nada o seu estilo, apesar de gostar de ficar até
tarde na cama, o que é sinal efectivo que a coisa está brava. Imaginem que nem sequer
me quer ao pé dele, diz que é para não me passar gérmenes. Ele não quer que eu
fique doente mas eu queria tanto ir dar-lhe um beijinho para o animar, está
mesmo muito murchinho, por isso não o vou aborrecer muito com as minhas
peripécias.
A manhã foi como
todas as outras manhãs, a única cambiante foi o aparecimento do primo André
para almoçar, de vez em quando dá-lhe na veneta e aparece sem dar cavaco a
ninguém, qual será o dia que terá que comer os dentes à falta de melhor.
O almoço ficou a
cargo da avó Aurita que confeccionou um belo de um arroz de cabidela de galinha
caseira, das nossas, aquelas que vos falei que ajudava a tratar, e que o meu
pai e a avó Ilda matam (o meu pai nunca me deixou assistir à matança do
bicharoco. Porém prometeu-me que era para o ano, eu queria muito ver, pois sei
que a galinha não vem do supermercado ou do talho mas sim das capoeiras e que,
para além disso, é um bicho vivo que tem que ser morto antes que nós a possamos
trincar) e que estava guardada na arca congeladora aguardando a sua
oportunidade.
Depois do almoço
as coisas não mudaram muito. O meu pai na cama, a minha mãe a trabalhar na tese
de mestrado, a avó Aurita a ver os bonecos dela, o primo André e eu estivemos a
brincar com o computador dele pois o nosso estava nas grifas da mãe.
A meio da tarde
chegaram as duas da vida airada ou poderei dizer da revoada: A avó Ilda e a tia
Vitalina, vieram carregadas de ovos – as galinhas põem ovos – as galinhas e as
outras aves e alguns répteis também - lembrem-se para depois não dizerem que
não vos contei – e logo a minha mãe, que estava desertinha por uma pausa,
aproveitou o ensejo para fazer um bolo para o lanche.
Às tantas, lá
para o final da tarde, o primo André pediu à mãe para o ir levar a Loulé –
assim vem assim se vai, é o estilo dele! – ao que a mãe respondeu: O teu tio
está doente e eu tenho que tratar dos cães, porque não vás a pé? É um
instantinho homem! A pé?... Retrucou o primo muito escandalizado e meio
mortificado só de pensar na ideia. Sim, a pé, qual é o problema, ainda é dia
alto, reforçou a mãe a ideia. E, foi aqui que eu resolvi intervir e disse: Mãe
o primo André é um malandro, um preguiçoso não quer andar a pé, só quer andar
de carro. E, com esta saída, o André meteu a viola no saco ou o mesmo será
dizer o computador na mala e telefonou ao pai a gritar: Aqui d’el rei quem me
acode.
O laró continuou,
o meu pai não se levantou, a mãe dos cães tratou e a avó Aurita a dormir cá
ficou.
Como prometi não
vou maçar mais o meu paizinho que há muito já não tem ouvidos para mim e mal
consegue abrir os olhos.
Tchau cambada!
Beijinhos dos meus.
tÓ mAnÉ
(in Laura Solange dixit) - 2013.05.(25,26)
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