
Ovo de sol - desabrochar; sombra, que mão tu me trazes? Presa a essa luz que me fascina, perdição do meu olhar sobre um pouco de tudo, disfarçado na ignorância do pós-além, sem que, realmente, de nada veja!... Oh! Silhueta de mundo, desvenda os teus mistérios, pousa-os na palma da minha mão, perdi-me quando sobre ti derramei o meu olhar, que nublado me quitou da realidade, transferindo-me para a essência diáfana da tua perda neste romper de emoções que de mim e em mim explodiu... tÓ mAnÉ
segunda-feira, 24 de março de 2014
Completa(mente)
Completamente irritado! É assim que posso definir, de momento, o meu estado de ânima. Depois de ter passado uma noite atribulada e mal dormida, remoendo, remordendo, deglutindo e ruminando o maldito do sapo que, subtil e subrepticiamente, me foi enfiado, na véspera, pelas goelas abaixo, sob o título pomposo de elucidação.
Não vou aqui falar do sapo pois cada um tem os sapos que merece e quando os engole tem duas opções: Digeri-los e cagá-los ou vomitá-los na cara de quem nos impingiu tão viscosos animais.
A minha peleia é outra que, apesar de inglória e solitária, é uma peleia, uma luta, contra o inconformismo e em prol do intervencionismo quer cívico quer político.
Devo confessar que, a cada dia que passa, a minha solidão cresce. Cresce quando, pela manhã, vejo ou oiço as notícias, quer na televisão quer na rádio. Cresce quando chego ao local de trabalho e vejo o conformismo estampado na desilusão de cada um. Cresce quando à hora de almoço, no restaurante ou em casa, revejo as pseudo notícias no ecrã policromático ou da caixinha de fabricar ilusões. Cresce quando chego a casa, cansado, e mais “crescido” e sou malbaratado ou ignorado. E por fim cresce quando à noite tenho insónias ou noites mal dormidas; empanturrado de “ensapadas”.
Almoço só ou acompanhado pelas palavras que escrevo que, há muito, são as minhas amigas, mulheres e amantes. Enquanto confidencio os meus silêncios e as minhas mágoas ao meu velho, todavia sempre novo, bloco de bolso e a cada trago de tinto que furto ao fundo abaulado do copo, sempre meio cheio, que cúmplice, não se manifesta, não se queixa, nem reclama, entrega-se ao sacrifício de mim numa rendição incondicional.
A cada dia que nasce, renasço na esperança vã que as notícias da 08:00 horas me noticiem a mudança para que façam minguar este ímpeto solitário que em mim todos os dias renasce, cresce e me cava na alma, a covato, onde aos poucos vou, solitariamente, cultivando, salpicados, os cardos da minha insatisfação.
Não logro um sorriso faz muito tempo. De rir, abertamente, tão pouco me lembro e gargalhar… nem de chacota pois esta, por norma, é indecente.
Os sabujos da política e os políticos retiram ao meu âmago a alegria. Sugaram-me os conhecimentos, apropriaram-se deles enquanto conhecimento próprio, trajam-nos, na vã tentativa, de cobrir, de vestir a sua desnuda ignorância, fazendo, assim, da sua mediocridade uma forma inteligente de um não o ser. Usaram. Usurparam. Fizeram seu o que era meu. Venderam-me, como se escravo fosse. Privaram-me do privilégio do ser meu em prol do ser seu.
Sanguessugas nojentas que vivem, na conveniência do regime, independendo de qual, com, e de, o saber e o trabalho de quem sabe, de quem por inconveniente é muito conveniente manter na sombra. Aí, nessa noite eterna, onde produzem a luz com que alumiam, fascinam e encandeiam quem tem a coragem de nos seus olhos os olhos de frente pôr, quem os ouve fingindo-se comovido quando na realidade está bebendo para regurgitar onde devido e, pior, quem lhes deixa por convir, espaço para criar mas, apenas o suficiente, para que, da nascente oculta, a água fresca possa brotar, sempre renovada, alimentando os vampiros da ignorância que, decumbentes, o chefe de clã vão bajular e alimentar.
A informação, o conhecimento, o saber fazer, como vós sabeis, é cinzento, na sua génese, não é preto mas tão pouco branco tão pouco e de transparente nada tem, por vezes, poucas, translúcido mas na sua ingente massa critica é, infelizmente, tenebrosamente opaca.
Assim, a mediocridade gera uma mediocridade ainda maior pois, só assim, a mediocridade poderá medrar. Cresce, eleva-se e sobrevive graças a uma luz que permanece, obrigatoriamente no escuro, na penumbra, no outro lado da realidade, no backstage, fora do alcance das luzes de ribalta, onde não ofusque o brilho baço, mate dos actores principais que lhe sonegam, quer uns quer outros – actores principais, secundários e figurantes – a possibilidade, ainda que exígua, de sair da solitária, de refulgirem, ainda que uma só vez.
tÓ mAnÉ Editions
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