
Ovo de sol - desabrochar; sombra, que mão tu me trazes? Presa a essa luz que me fascina, perdição do meu olhar sobre um pouco de tudo, disfarçado na ignorância do pós-além, sem que, realmente, de nada veja!... Oh! Silhueta de mundo, desvenda os teus mistérios, pousa-os na palma da minha mão, perdi-me quando sobre ti derramei o meu olhar, que nublado me quitou da realidade, transferindo-me para a essência diáfana da tua perda neste romper de emoções que de mim e em mim explodiu... tÓ mAnÉ
segunda-feira, 24 de março de 2014
O meu mundo tem dois sóis
O meu mundo tem dois sóis…
Um que brilha esplendorosamente para os afortunados e outro que tremeluz, esbatidamente, para os esquecidos.
Um que não consente que a noite acenda os seus medos e outro que oculta os dias cintilantes enchendo-os de terrores múltiplos.
No meu mundo, que tem dois sóis, nada está correcto e harmónico.
Morrem os obesos e os famintos e os outros também.
Porque um sol, para realmente o ser, tem que ser fonte de vida. E, no meu mundo, assim o não é.
Todavia, no meu mundo, há um sol que cria, enquanto outro há que mata.
Há o sol da paz, da harmonia e da prosperidade e, em contraponto, há o sol da guerra, da miséria, da fome e da destruição.
Sóis diferentes para gentes diferentes: O sol dos ilustres e o sol das plebes.
Há o sol dos brancos e dos negros que é diferente do sol dos amarelos e dos vermelhos. Poderíamos misturar de outra forma as cores, pois esta foi aleatória, que os sóis não mudariam, ambos continuariam muito iguais a eles próprios.
Face a este problema incontornável e dualista e, como o mundo é meu, vou dar-me ao luxo de desenhar um sol, um sol que banhe todos de igual forma, mas que consinta o respeito pelas suas diferenças e pelas suas culturas.
Não sou Deus mas Este deu-me o aval de criar, o livre arbítrio de consciência e o dom da imaginação. Recorrendo a eles vou conceber um terceiro sol: O sol da igualdade, da justiça e da solidariedade.
Um sol mais abrangente quer no âmbito quer no conceito. Um sol raiz de todas as coisas. Um sol para todos e não só para alguns. Um sol piedoso e misericordioso. Um sol pleno de abundância e destituído de mínguas. Um sol que ri e chora quando a isso é compelido. Um sol mais humano quanto toca tudo e todos. Um sol que acarinha e alimente a diferença, donde floresce o fundamento do mais profundo saber. Um sol que admita a noite e a lua, como seus pares, não lhes restringindo quer direitos, quer deveres. Um sol que brilha intenso, mas que se sabe ocultar quando é necessário que chova. Um sol que deixe viver e morrer com a dignidade inerente ao ser e ao saber.
Em suma um verdadeiro sol. Regente e magnânimo para todos os seres vivos e matéria morta.
Nasce sol meu.
tÓ mAnÉ Editions
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário