segunda-feira, 24 de março de 2014

Pinceladas de vida

Escrever é uma forma de desenhar a vida de outra cor, de fazer dela objecto de um trato, de um cunho muito próprio: O enfeitar da albarda que o burro carrega, o fardo aliviado pela imaginação. Primeiro inicia-se um esboço rudimentar, desgarrado, da tela final que, pincelada a pincelada, cobrimos com palavras de sonhos, ilusões e actos mímicos, por fim e, completamente esborratados, olhamos de longe para o resultado de tanta arranhadela cromática; as palavras e as frases enchem a vida que não temos de cores, umas vivas, outras mortas e outras ainda esbatidas, damos por concluída a obra sem arte e imperfeita por génesis inerente ao género e condição humana; o cair das cortinas, o apagar das velas ou das luzes – the last final scene - a entrega, a rendição ao palco maior: A própria morte – essa que não cabe nas palavras e não se lavra nas frases, apenas está lá, inexoravelmente lá, no fundo negro da tela descrita sob um acto único e irrevogável. Será?... tÓ mAnÉ Editions

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