“O espectáculo vai começar”.
Ao som de realejo,
Cruzetas, fios, cor e movimento.
Os bonecos articulados
Em seus trajos limpos e engomados,
Preparam-se para iniciar a comédia.
Olhem! Grita a populaça
Fantoches, marionetas,
E aos magotes acotovelam-se
Para assistirem, boquiabertos,
À exibição,
Deixando, sem se aperceberem,
As suas vidas presas a estes fios.
Os bonifrates erguem-se,
Manipulados por mãos hábeis
Que, incutindo-lhes vida,
Revelando-lhes emoções
Que não têm,
Paridas sabe Deus como...
Deixam as gentes embasbacadas
Que aplaudem, aplaudem,...
Sem suspeitar, que através do pano,
Uma mente perversa e endemoninhada
Lhes fabrica um sonho,
Que não querem,
Uma teia, tecida de finos fios,
Que, carinhosamente, os prende.
Enquanto isso, os títeres,
Num jogo alegórico e picaresco;
Música, cor, luz e movimento,
Captam-lhes a atenção,
Desviando-lhes a guarda,
Para outras realidades,
Na vil tentativa de obscurecer a verdade.
Fantoches!...
A música já terminou!
Agora que jazem desarticulados,
Sem graça, no fundo de caixas
O seu tempo e o palco encerrou,
Não servem mais;
As luzes extinguiram-se,
As cortinas caíram
E no palco vazio
Os fantoches, sem alma,
Feitos de nada e sem convicções,
Perdidos na lama da sua fantasia,
Lentamente definham.
E, agora, que a magia acabou,
As gentes desinteressadas,
Viram-lhes as costas
E caminham, caminham...
Perdendo-se no mundo.
tÓ mAnÉ
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