terça-feira, 19 de julho de 2011

Cidade fria; Árvore nua

A cidade cinzenta e fria acorda
Mostrando a face embrutecida do tempo.
Aproximo-me da janela e espreito,
a paisagem urbana enche-me os olhos,
Aperta-me o coração,
Visão tosca e deprimente.
Do outro lado do vidro
A chuva gélida e sóbria isola-me,
Isola-me do mundo exterior,
Quatro paredes e... chove.
Chove!... Lágrimas de um dia triste
Antes mesmo de começar.
Em frente, a árvore,
Nua,
Estende os braços,
Agarra chuva e nuvens,
Cobre, com elas, o seu pudor.
É mulher tímida, esconde o corpo
Antes e depois de fazer amor.
É solidão, gente moribunda
Olhando quem passa
E esperando quem não vem.
É suor na folha morta,
Molhando a alma seca
Do esforço que nunca fez.
É a vida que faz trapaça
Ludibriando o coração
Acenando-lhe com vã esperança
Que não tem.
É a cidade sem graça
Erguendo-se sem a ver.
É a chuva que passa
Não a fazendo crescer.

 

tÓ mAnÉ

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