Quando miúdo apagava os céus
Com a borracha dos meus sonhos
Criava, com os meus lápis,
Pintando aqui e ali,
Um universo novo e livre;
Imaginação de uma criança.
Hoje desenho sonhos alheios,
Esquecendo o lápis dos meus.
Imagino para os outros
Aquilo que não pode ser meu,
Riscando aqui e ali,
Sonhos que amadureceram;
Desilusões de um homem
Que nem sequer para isto nasceu.
Vendo um sonho, talho uma ideia,
Compro mais um vazio,
Liberto a esperança, solto um suspiro,
Mais um lamento e, neste corrupio,
Gota a gota vazo o espírito,
Dando aos outros o que era meu.
Será que ainda me resta o tempo,
Para ter um sonho meu?
O lápis, de tanto afiar, já não tem ponta
E, a borracha, essa, parece que cresceu;
Já não há céu, nem lápis
Tão pouco o universo da imaginação
Que da criança eram, onde estarão?
O que sucedeu?... ao miúdo que apagava os céus.
Juro! Não sei!...
tÓ mAnÉ
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