Tenho uma pedrinha verde,
Guardada no centro dum cristal,
É a sombra dum sorriso,
Preso num olhar.
Brinca-te nos olhos e lábios
Um lago, o mais lindo...,
Lago verde de cristal,
Onde abraço a ternura
Do teu corpo, leve, lânguido e morno
Calmo como noites serenas de verão.
Num ápice, brejeira, afundas-te em meu olhar,
Sorves-me, sedenta, a alma
Abusas! Deixas-me recluso do abuso;
Algemado no profundo das tuas profundezas
Obedeço às nossas fátuas liberdades.
Escorre, copioso, o suor entre os corpos,
Já cansados da labuta do amor,
Que, desfalecidos, num cigarro,
Trocado de mão em mão,
Molhado de boca em boca,
Que, em espirais de fumo preguiçosos,
Levitando, se perdem, na memória do tempo...
Deixando em suspensão, livre, a sensação do sentir
Olhar sem ver; sentir sem tocar; partir sem chegar
(... alquando, é bom partir para ficar…)
E, rever, no sol poente, a tarde que já cai
Ainda assim, face e o corpo fremente
No chão, frio, na alfombra estirados,
Lentamente os ânimos arrefecem
E, do alvo luar, a luz bebendo...
A vontade, aos poucos, alquebrando,
Vai esvaindo aos corpos o desejo
Surgindo de mansinho o sono…
Da pedrinha verde o sonho
Do cristal o engano.
tÓ mAnÉ
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