segunda-feira, 15 de julho de 2013

A Cresce



O acesso à “Cresce” (hoje Casa da 1ª Infância de Loulé), que inicialmente se executava pela fachada sul; alçado principal e imponente, de um edifício magnificente e intemporal, onde dominava um amplo largo revestido por uma camada de betuminoso sobre a qual foi lançada uma camada de seixos rolados e onde existia e existe uma ampla rampa de acesso, bem como uma plataforma coberta por uma pala monumental que lidera, ampla, o corredor de distribuição; acesso de uma dignidade ímpar e de uma proficiência inegável, hoje encontra-se materializado na fachada poente sem segurança, critério, sobranceria e/ou dignidade que lhe merece o enquadramento no plano da envolvente urbanística patente no local.
A “Cresce” (presentemente Casa da 1ª Infância de Loulé), aquando da sua construção, encontrava-se implantada fora do aglomerado urbano; longe dizia-se, no entanto, com o avançar dos anos e com a expansão urbanística, esta foi perdendo a “decalage” e a solidão a que estava votada relativamente ao miolo do pólo urbano, que entretanto se foi deslocando para nordeste, invadindo a sua privacidade e quebrando o seu retiro e recato; onde existia espaço livre de peias erguem-se vedações, portas e portões.
Nascem novos edifícios, abrem-se campos de ténis e piscinas; descobertas e cobertas, rasgam-se escolas secundárias e infra-estruturas desportivas e de lazer, rompem-se ruas e avenidas, o progresso une e desune e pela mesma mão humaniza e desumaniza, com a mesma falta de vontade com que (António Sérgio in Cântico Negro) o tempo passa ou não passa, entre um capricho e uma mão cheia de vento ou água.
“Mutantis mutatis” ou o mesmo será dizer o mundo pula e avança António Gedião “dixit” e tudo muda! o acesso à “Cresce” (agora Casa da 1ª Infância de Loulé) não foi excepção, o Homem sonhou e o mundo pulou e avançou, tal como bola colorida entre as mãos de uma criança (António Gedião in Pedra Filosofal). E, com o mudar há que mudar, alterar, rever, repensar e talvez criar ou recriar ou presumindo reinventar o que há muito se previa de já e para já inventado; o mundo não é novo, é sempre!... O Homem, esse … tão passageiro quanto o relampejar de um raio ou o ribombar de um trovão, … um ai, tão veloz quanto um estertor …, na sua existência comezinha, representa a ninharia das ninharias, um “cagagézimal” versus o gigante tempo.
E, o Homem pensou… 

tÓ mAnÉ   Editions

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