Olá amigos!
Aqui estou eu de
novo para descrever o meu fim-de-semana.
Assim sendo, ora
vamos lá…
No sábado, hum
deixa ver… fácil! Passei a manhã em casa com a minha mamã, fartámo-nos de
brincar, brincámos a tanta coisa que já nem me lembro mas isso também não é
nariz de santo.
Desta vez o meu
pai, só para me contrariar, levantou-se cedo, eu ainda estava a cozer
batatas-doces, foi para um “workshop”
(olhem só este palavrão que eu aprendi, não é grande mas é coisa difícil de
dizer) de pintura a óleo, disse-me a mamã quando eu perguntei pelo meu
paizinho. Vejam só o canastrão, agora, tem a mania que é artista mas a culpa é
da minha mamãzinha que o inscreveu nessa bendita coisa de… ai nem vou dizer o
palavrão, enrolasse-me na língua. O certo é que não fora a brincadeira e a
reinação tinha-nos pregado uma seca daquelas, a mim e à mamã, e não contente
por nos ter abandonado, ainda teve o descaramento de aparecer em casa às duas e
meia da tarde. Não acham isto pouca-vergonha?... Eu acho! E pior, imaginem, eu
desertinha para sair de casa, dar de frosques,
que comeu uma bucha qualquer e se deitou ou melhor esparramou ou espalhou, sei
lá, pelo sofá fora e toma lá que já almoçaste, dormiu até às seis e meia da
tarde; a pintura deve ser uma coisa muito cansativa, não acham? Com a desculpa
mais que esfarrapada de que andou a dormir mal e pouco durante toda a semana –
que será que anda a fazer quando vai para a cama? Deita-se à mesma hora do que
eu... Tenho que investigar este mistério, não concordam comigo?
Depois de se levantar, o meu pai, ficou logo
gafo de pressa, quis ir ao Continente comprar aguarás para lavar os pincéis e a
paleta, quase não me ligou nenhuma, grande lata esta, hem! Não serei eu mais
importante que essa mariquice? Fiz beicinho e pronto, amuei!...
Pois é, e assim,
como devem calcular, lá fui eu de reboque para o Continente, que chatice… o que
vale ou melhor a sorte dos meus papás é que eu depressa desato a mulinha e fico
bem disposta. Nada como uma voltinha no “porche” do Continente para me fazer
feliz e radiante. E assim foi, parece que adivinham, serão bruxos, será?; aqui
estava eu prontinha para a aguarás ou para mais específica ser ou para não
faltar à verdade ou ainda para melhor dizer, para todas as traquitanas que
resolveram comprar, têm sempre falta de tanta coisa. Esta é só mais uma, entre
muitas, coisas que eu não consigo entender: “só precisavam de aguarás e, para
não se enganarem ou para que não falte nada mesmo quando não faz mesmo falta,
quase não me deixaram espaço para conduzir o bólide”. Vejam só, o meu pai que
só compra vinho tinto, desta vez comprou uma caixa (das grandes) de minis “Sagres”
e toma para o veículo, acham isto normal?... Espero, sinceramente, um dia vir a
entender os adultos; são tão complicados que até complicam o que é fácil!
Depois de
milhentas tropelias; eu sou uma rabalona,
e de corredor em corredor do Continente, deu-me a vontade, o mesmo será dizer
soltou-se-me a tripa, quando estávamos mesmo a chegar à caixa e… lá teve que
ser… papáaaaa tenho cocó, gosto de oferecer estes presentinhos ao meu pai, ele
tem jeitinho para desembrulhar “as
caixinhas”. Sabem o que o meu paizinho me disse? Não! Pois vou contar-vos:
filhota a única vantagem destes teus ímpetos é que, assim, quem vai pagar a
multa é a tua mãe. Outra que eu ainda não percebi ou entendi… o tempo háde-me
ensinar ou explicar, espero eu… o tempo é justo nestas coisas.
Carro carregado.
Hora da partida. Adeus Continente.
Já tinha uma
larica que não aguentava e, na verdade, já era bastante tarde, também; já é
noite pai, disse!
Bem, de qualquer
forma já íamos a caminho de casa o que àquela hora tinha um significado óbvio,
o ritual de vós já sobejamente conhecido ir-se-ia iniciar. Para não ser
redundante ou melhor melga vou escusar-me ou poupar-vos de o ditar para o meu
pai o escrever, apenas aqui abro um pequeno parêntesis para referir que o meu
pai não me deixou ajudá-lo a lavar os pincéis e a paleta. Fiquei uma fera, nada
me consolava, e foi caso para isso (o meu paizinho querido a fazer-me uma obra
destas). Olhem só o desplante do marmelo, eu, que quero aprender tudo e foi-me
vedado ou sonegado o direito, mais que justo, ao conhecimento e à informação.
Acham justo?... bem que me parecia, a mim também não!
Hoje, quer dizer,
no domingo levantei-me toda empolgada e espevitada; sim, eu sei, esqueci-me de
vos contar, mas conto agora. Na véspera, sábado, o meu pai disse-me que íamos à
praia, que íamos andar de “vaporette”
(assim chama o meu pai ao barco que faz a travessia entre as Quatro Águas e a
Ilha de Tavira e vice-versa) e que, para além disso, que íamos ver o meu tio e
padrinho Miguel e a minha tia Bleca, na verdade ou na realidade ela não se
chama Bleca mas sim Isabel (Bleca porquê? Eu explico: porque ela fica muito
escurinha quando se põe a tostar ao sol), que raramente vejo, pois vivem em
Oeiras; malta fina é outra coisa ou outra loiça, percebem?...
Bem, estava eu a
dizer que me levantei toda empolgada e espevitada, pelas referidas e mais que
razoáveis razões, e estava uma melga, zum-zum para aqui, zum-zum para ali, à
volta dos meus papás; despacha-te pai, despacha-te mãe, quando é que vamos para
a praia, ainda não comeram, vamos, etc… escuso de dizer que me “espavilhei” num farelo ou o mesmo é
dizer enquanto o diabo esfrega um olho.
Finalmente
despachados.
Fomos outra vez
no carro “bonito”, eu bem que reclamei que queria ir no carro “grande” mas não tinha “zigolina”, ó pá! eu gosto tanto do carro
“grande”. Novidade, ou quase
novidade, foi de bom grado que me escarranchei na minha cadeirinha, sem fazer
drama ou comédia; tchau cães, gritei…
Durante o
decorrer da viajem fiquei a saber ou melhor intui que tínhamos mais uma paragem
obrigatória, pois o meu pai ligou para a avó Aurita e pediu-lhe para descer,
mas não teve importância nenhuma nem perturbou a jornada, pois a casa da avó
fica de caminho e não perdemos tempo algum, diria mesmo que foi uma rapidinha.
Avó a bordo e lá
fomos nós.
Mas óoooo o meu
pai parou na bomba de “zigolina”, mas
que chatice. Ora a moenga, eu, nem queria acreditar. Não é que foram beber
café, os dois, papá e mamã; bolas nunca mais é, pensei!...
Enfim rumámos
para a praia. Upíiiii… praia lá vou eu, pensei.
A viagem até à
praia foi um desassossego, no mínimo entediante. Ufa, nunca mais chegávamos.
Levei o santo tempo a perguntar ao meu pai: falta muito, falta muito ainda,
quando é que chegamos, etc…
Alfim chegámos.
Já estava impaciente. Arre, tanto tempo para chegar à praia, quando vamos para
Quarteira é logo ali, atrevi-me a pensar.
Parámos junto à
entrada do cais, saímos e tirámos ou descarregámos a “túrgia” do carro ou melhor tiraram ou descarregaram que eu não mexi
uma palha. Não faltavam babuchas à porta do senhor prior, homessa, eu sou
pequenina.
De repente ouvi o
meu paizinho dizer à mamã: fiquem aqui, compra os bilhetes, de ida e volta,
para o barco que eu vou estacionar a vasilha e já volto. Claro está que eu
também quis ir com o meu paizinho (não pode andar por saí solto, era o que mais
faltava)… pai, paizinho também quero ir contigo mas ele disse-me logo que não,
contudo não me deixei intimidar e voltei à carga, aí o meu pai olhou-me com
aqueles olhos de “não insistas” (fica
tão feio e mau) que achei por bem calar-me ou botar a viola ao saco o que é a
mesma coisa e fui agarrar-me, em protesto, à barra da saia da minha mamãzinha
querida, não fosse o leite ou outra coisa qualquer azedar.
Sabem que mais?
Adorei andar de barco “o vaporette”,
é tão giro, faz um fresquinho tão bom. Imaginem que o meu paizinho me levou lá
para cima; o barco tem três níveis um abaixo da linha de água e dois acima é
como se fosse cave, rés-do-chão e primeiro andar, sentou-se num banco de pau e
pôs-me ao colinho. Dali via tudinho; a ria, a Ilha, o Arraial Ferreira Neto
(antiga sede da armação de tunídeos e fábrica conserveira e actualmente o Hotel
Albacora – Vila Galé) e ambos os cais) e estava rodeada de espanhóis (quando
chegámos também chegou uma excursão de espanhóis) que cantavam e batiam palmas
que nem doidos, estavam divertidíssimos.
Imediatamente à ancoragem dirigimo-nos sem
mais delongas para a casa, arrendada, onde estavam e estão o meu padrinho e a
minha tia a passar férias, eles já estavam esperando por nós, via-se logo pois
estavam já impacientes; não disse olá nem dei beijinhos a ninguém, estava cheia
de vergonha nos meus olhinhos.
E, sem mais
demoras, para além dos cumprimentos dos adultos, graças a Deus estavam todos
desejando ir para a praia e não falaram muito como de costume, estava cá uma
brasa, fomos para a praia da ria mesmo junto ao cais (havia pouca areia pois a
maré estava quase cheia). Aí sim!!!... Depois de pôr o creme protector solar,
foi boda aos pobres, dei beijinhos, falei pelos “catramelos”, brinquei com toda a gente quer na água, que estava
gelada, até partia ossos, mas eu não me importei (adoro água e se for praia
então é loucura), quer na areia, ao sol, à sombra, onde quer que fosse o
importante mesmo era viver intensamente o momento.
E, assim, neste
folguedo, se fez tarde e horas de almoço. Sorte a nossa de o meu padrinho ser
um homem precavido e ter marcado uma mesa no restaurante Corsário da Ilha e
mais encomendou logo a ementa; sardinhada. Gostei!
Depois de almoço
fomos todos para casa do padrinho descansar um pouquito, estava a precisar
depois de tanta agitação. Desconfio que fiz uma folguinha pois pouco depois o
meu pai disse que eram horas de regressar, ele falou, lembro-me, que queria ver
os “futebóis”.
O regresso correu
como uma manobra de sentido inverso e assim nos vimos de novo em casa.
Quanto ao resto
vocês já sabem foi como todos os dias, não seja a vida uma sucessão sucessiva
de acontecimentos, detalhes, factos e evidências que, muitas vezes, se repetem
ou se conjugam ou se assemelham em ajustamento com o tempo, por quotidianos.
Ah! o meu pai foi
ver os “futebóis” dele para o quarto do mano Pedro, para eu poder ver os meus “mnecos” e quando desceu vinha todo
contente, até bebeu uma cervejinha.
É tudo amigos,
até para a semana.
tÓ mAnÉ Editions
(in
Laura solange dixit) – 2012.06.(16 e17)
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