É sábado, sábado,
mesmo ao fim da tarde, o crepúsculo não tardará, de um dia seis de Junho de um
ano qualquer; irrelevante!... porquanto, irremediavelmente, a noite irá chegar
e, com ela, uma brisa fresca que levanta do silêncio, profundo, provindo da
desunião causada pela interferência do lapso, único, de espaço e tempo que
medeia a luz do breu; intervalo no qual se perde a noção entre o bem e o mal,
nesga intemporal, que separa a luz natural da luz artificial, repondo, de novo,
o equilíbrio, instável, existente entre a estucada certeira e o primeiro pingo,
rubro, de sangue que aflora à camisa, branca, imaculada, à nódoa, escarlate,
que alastra, ao baixar dos olhos para o local nefasto, ao esgar de espanto
explodindo na face, ao dobrar dos joelhos, ao perder as forças, ao desfalecer,
à queda facial descontrolada, à derradeira golfada de ar, ao olhar vítreo baço,
ao fechar dos olhos, ao último estertor, ao abandono último e, alfim, ao do
corpo a alma deixar ao se elevar, desprendida, em negra áurea, aí o crepúsculo
tornou-se noite, entregou-se, rendeu-se, à luz cega do luar.
Hoje, sábado, dia
seis de Junho de um ano qualquer; irrelevante!... amanhã o dia, ao ténue e
tíbido romper da aurora, voltará, inexoravelmente, a raiar.
tÓ mAné Editions
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