sexta-feira, 12 de julho de 2013

As bailarinas do silêncio



Rodopiam, como loucas,
No silêncio da noite
Orladas de uma áurea argêntea
Que envolve a sua diáfana silhueta
Revolitam.
Vestem branco alvo
E, descalças rodopiam,
Numa dança frenética, insana
Envoltas de um lençol de névoa
Que a cada rodopio, desvanece
Deixando seus corpos esbeltos
Seminus e descobertos
Logrando antever pálidos rostos
Aos tíbios raios de luar expostos.
Do chão frio da floresta
Da noite álgida de inverno
Do seu halo morno e húmido
Exala, um fio estreito e ténue,
Um nevoeiro de alma
Um vapor de vida
Emana, enche a clareira
Que de pedras suadas está cercada
E, onde ao centro, o fogo crepita.
Rodopiam e rodopiam
Dançam insanas, resplandecentes,
Invocam deuses menores
Incendeiam ânimos latentes
Provocam os sentimentos
Despertam velhos entes.
E, a cada rodopio rola do corpo ao chão
O branco véu da entente
Que a seus pés, nus, jazente
Abre, amplo, um alvo manto
Onde os nus pés dançantes
Revoluteiam, sôfregos de movimento,
Leves em volúpia crescente,
Libertos do húmus que na terra descansa.
Prestes, o desenfreio, terminará
O silêncio da noite já definha
A aurora no céu já se adivinha
O estralejar do fogo feneceu
O último gemido morreu na garganta
O alvor, aos poucos, engole a escuridão
O sono desperta para um frenesi de vida.
E, nesta transição, nesta cedência de posição
As magas, as feiticeiras, as fadas, as bruxas, as mulheres apenas?...
Saem do transe,
Olham-se.
Vêm-se nuas
Apressadas vestem
Do dia a dia o rosto a vergonha
Cobrindo seu corpo gracioso e macio
Com branco véu de terra já maculado
As bailarinas do silêncio
À condição de mulher retornam.

tÓ mAnÉ    Editions

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