Pensamo-nos eternos
Agimos
Como se eternos fossemos
Senão vejamos:
Desconcertantes; muitas vezes
Cruéis; em outras tantas
Intrépidos; quase nunca
Mentirosos; inexplicavelmente, sempre
Cautelosos; com os outros e as coisas
Vingativos; em excesso
Insípidos; por natureza
Efusivos; no amor e no amar
Incautos; no gastar
Inquietos; em demasia
Insertos; no rondar e no vaguear
Esquecidos; na hora de retribuir
Invejosos; no ser e no estar
Odiosos; aquando do desamor
Insondáveis, inescrutáveis, execráveis;
sempre que necessário
Inumanos, brutais; sempre que possível
Escravos; de nós e por livre arbítrio
Insensíveis; de e para o mundo
Prepotentes; infelizmente
Ausentes: quando e para quem de nós
precisa
Inconsequentes; atendendo aos interesses
e às causas
Acusadores; todavia isentos de moralidade
Tendenciosos, facciosos, arbitrários; no
processo de julgar
Insanos; por acabarmos mesmo antes de
começarmos
Temporários; cingidos ao fim de linha
(pelo pendor luzente)
Impuros; maculados à nascença
Abstrusos; vinculados à falta de senso
Sensaborões; desprovidos de sentido de
humor
Aleivosos; despidos de critério e valores
……………………………………………………
(e mais seriam as adjectivações)
……………………………………………………
Todavia não somos eternos
Efemeridade! É a palavra que nos reserva
o fado
Que nos distingue e define.
Somos um mero sopro de Deus!
E, acabamos, ao Seu estalar de dedos,
À Sua chamada, à Sua vontade.
Afinal pergunto-me:
Porque seremos nós assim…
Hediondos?!...
tÓ mAnÉ Editions
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