A Rua 1º de Dezembro que
na sua génese foi denominada de Travessa do Carapeto; heráldica – pereira brava
que figura em brasões (de origem obscura), e que à altura, e hoje, tinha o seu
início na então Rua dos Alegres, que em data desconhecida passou a denominar-se
Rua Eça de Queirós e ora Rua Ataíde de Oliveira, terminando na Travessa dos
Anjos. Ao tempo, existiu na Travessa do Carapeto uma grande taberna, cujo nome,
emmentes, se perdeu na memória dos tempos, que funcionava como ponto de
encontro, recreio e toma de refeições (os utentes compravam o carvão e o vinho
na taberna e traziam a carne ou o peixe e o pão, confeccionando a refeição nos
assadores da taberna; assim o reza a história), das gentes/indígenas do
concelho e alóctones, que prendiam as suas montadas ajaezadas, conhecidas à
altura por “cavalgaduras”, conferindo um aspecto peculiar à orbe, imprimindo ao
espaço um carácter socio-económico e um aspecto de cariz cultural; julga-se que
emmeio não se poriam uma congérie de problemas com o “estacionamento” das
béstias de montar.
A Rua 1º de Dezembro assumiu a sua actual
toponímica no quinto dia do mês de Março do Ano da Graça de 1913, por “arcanes obices” ou por, vã tentativa; a
toponímica, conforme acima comprovado, não é intemporal é transitória, flutua
ao sabor de quem rege (rei morto rei posto), de imortalizar a Restauração da
Independência no primeiro de Dezembro de 1640.
Cabe aqui uma pequena
ressalva de teor social, sem, no entanto, pretender olvidar a nimbada sépia da memória
de outros, que faria desequilibrar a balança, não sendo uma insignificância,
isto é, o quanto um escólio tem que ficar aquém e/ou além do ideal no espírito
do interlocutor para ser considerado como uma afronta ou uma ofensa, à insigne
munícipe e professora de música D. Isabel Dourado, que durante “uma vida”
leccionou música, num modesto r/c desta via, aos filhos da elite louletana, a
honra do falar francês não cabe nesta sinopse.
Com a construção do
Mercado Municipal, cujo Auto de Arrematação foi outorgado em 1905.06.25, a supradita artéria “rasgou”, perpendicularmente, até “penetrar” na Rua Eng.º Duarte Pacheco, antigamente conhecida e
designada por Rua da Corredora, “obrigando” ao derrube da muralha medieval;
obliterando-a no tempo e da nitescência da memória colectiva, à guisa de um
escolho, que a percorria transversalmente, e se atravessava no caminho do
futuro e do progresso; … no fundo, entre o óptimo e o bom; o óptimo é inimigo
figadal do bom, existe sempre o hiato onde coabita o absurdo.
Assim anda a estória “in secula seculorum”, imparável e
impiedosa, aos vestígios do tempo, ao critério arbitral do tempo e do espaço “mutantis mutatis”, da época e do Homem “ad hominem”, que, em benefício e
critério, transmuda as premissas do jogo “Universo/Terra” sem que a regra
basilar do “quid pro quo” se cumpra;
sendo que quem escreve a história, “pro
memoria”, são os vencedores e os vencidos apenas deixam um resquício
indelével e empoado da sua efémera passagem, um quase nada… O Homem, o tempo, o
espaço e a época alhearam-se e embotaram-se, trucidando a razão, tempos virão em que Deus trará e ofertará
tudo aquilo que merecerem; a eternidade menos uma vida não deixa de ser a
eternidade e … o Sol não desaparece … a Terra é que gira!...
E, assim, nasceu, viveu
e morreu a Travessa do Carapeto, que abrindo o seu ventre “parindo” ofertou a
primeira golfada de ar e o primeiro raio de luz à Rua 1º de Dezembro; bem vinda
à selva disse a aranha à mosca.
tÓ mAnÉ Editions
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