segunda-feira, 15 de julho de 2013

A Travessa do Carapeto



A Rua 1º de Dezembro que na sua génese foi denominada de Travessa do Carapeto; heráldica – pereira brava que figura em brasões (de origem obscura), e que à altura, e hoje, tinha o seu início na então Rua dos Alegres, que em data desconhecida passou a denominar-se Rua Eça de Queirós e ora Rua Ataíde de Oliveira, terminando na Travessa dos Anjos. Ao tempo, existiu na Travessa do Carapeto uma grande taberna, cujo nome, emmentes, se perdeu na memória dos tempos, que funcionava como ponto de encontro, recreio e toma de refeições (os utentes compravam o carvão e o vinho na taberna e traziam a carne ou o peixe e o pão, confeccionando a refeição nos assadores da taberna; assim o reza a história), das gentes/indígenas do concelho e alóctones, que prendiam as suas montadas ajaezadas, conhecidas à altura por “cavalgaduras”, conferindo um aspecto peculiar à orbe, imprimindo ao espaço um carácter socio-económico e um aspecto de cariz cultural; julga-se que emmeio não se poriam uma congérie de problemas com o “estacionamento” das béstias de montar.

 A Rua 1º de Dezembro assumiu a sua actual toponímica no quinto dia do mês de Março do Ano da Graça de 1913, por “arcanes obices” ou por, vã tentativa; a toponímica, conforme acima comprovado, não é intemporal é transitória, flutua ao sabor de quem rege (rei morto rei posto), de imortalizar a Restauração da Independência no primeiro de Dezembro de 1640.

Cabe aqui uma pequena ressalva de teor social, sem, no entanto, pretender olvidar a nimbada sépia da memória de outros, que faria desequilibrar a balança, não sendo uma insignificância, isto é, o quanto um escólio tem que ficar aquém e/ou além do ideal no espírito do interlocutor para ser considerado como uma afronta ou uma ofensa, à insigne munícipe e professora de música D. Isabel Dourado, que durante “uma vida” leccionou música, num modesto r/c desta via, aos filhos da elite louletana, a honra do falar francês não cabe nesta sinopse.    

Com a construção do Mercado Municipal, cujo Auto de Arrematação foi outorgado em 1905.06.25, a supradita artéria “rasgou”, perpendicularmente, até “penetrar” na Rua Eng.º Duarte Pacheco, antigamente conhecida e designada por Rua da Corredora, “obrigando” ao derrube da muralha medieval; obliterando-a no tempo e da nitescência da memória colectiva, à guisa de um escolho, que a percorria transversalmente, e se atravessava no caminho do futuro e do progresso; … no fundo, entre o óptimo e o bom; o óptimo é inimigo figadal do bom, existe sempre o hiato onde coabita o absurdo.

Assim anda a estória “in secula seculorum”, imparável e impiedosa, aos vestígios do tempo, ao critério arbitral do tempo e do espaço “mutantis mutatis”, da época e do Homem “ad hominem”, que, em benefício e critério, transmuda as premissas do jogo “Universo/Terra” sem que a regra basilar do “quid pro quo” se cumpra; sendo que quem escreve a história, “pro memoria”, são os vencedores e os vencidos apenas deixam um resquício indelével e empoado da sua efémera passagem, um quase nada… O Homem, o tempo, o espaço e a época alhearam-se e embotaram-se, trucidando a razão, tempos virão em que Deus trará e ofertará tudo aquilo que merecerem; a eternidade menos uma vida não deixa de ser a eternidade e … o Sol não desaparece … a Terra é que gira!...

E, assim, nasceu, viveu e morreu a Travessa do Carapeto, que abrindo o seu ventre “parindo” ofertou a primeira golfada de ar e o primeiro raio de luz à Rua 1º de Dezembro; bem vinda à selva disse a aranha à mosca. 



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